Por que muitos aceitam a evolução?
Por que muitos aceitam a evolução?

Por que muitos aceitam a evolução?

COMO vimos, é enorme a evidência a favor da criação. Por que, então, rejeitam muitos a criação e preferem aceitar a evolução? Um dos motivos é aquilo que aprenderam na escola. Os compêndios de ciência quase sempre promovem o ponto de vista evolucionista. Raramente, se é que alguma vez, o estudante toma conhecimento de argumentos opostos. Com efeito, geralmente se impede que os compêndios escolares apresentem os argumentos contra a evolução.

Na revista American Laboratory (Laboratório Americano), certo médico escreveu sobre a instrução escolar de seus filhos: “Não se apresenta a evolução à criança como uma teoria. Os textos científicos fazem declarações sutis já tão cedo quanto na segunda série (baseado na minha leitura dos compêndios de meus filhos). A evolução é apresentada como realidade, e não como conceito que possa ser questionado. A autoridade do sistema educacional então torna obrigatória a crença.” A respeito do ensino evolucionista nos anos mais adiantados, ele disse: “Não se permite que o estudante tenha crenças pessoais ou que as expresse: caso o estudante o faça, ele ou ela fica exposto ao ridículo e à crítica por parte do instrutor. Não raro, o estudante se arrisca a perder créditos acadêmicos, porque os conceitos dele ou dela não são ‘corretos’, e baixa-se a nota.”

Os conceitos evolucionistas permeiam, não só as escolas, mas todas as áreas científicas e outros campos, tais como o da História e da Filosofia. Livros, artigos de revistas, filmes e programas de televisão a tratam como fato confirmado. Com freqüência ouvimos ou lemos frases como estas: ‘Quando o homem evoluiu dos animais inferiores’, ou: ‘Há milhões de anos, quando a vida evoluía nos oceanos.’ Assim, as pessoas sofrem condicionamento para aceitar a evolução como factual, e a evidência contrária passa despercebida.

Peso da Autoridade

Quando destacados educadores e cientistas asseveram que a evolução é factual, e dão a entender que apenas os ignorantes se recusam a crer nela, quantos são os leigos que se dispõem a contradizê-los? Este peso da autoridade que se faz sentir a favor da evolução é um dos principais motivos de ser ela aceita por amplo número de pessoas.

Um exemplo típico de conceitos que amiúde intimidam os leigos é a seguinte asserção feita por Richard Dawkins: “A teoria de Darwin goza agora do apoio de toda a evidência relevante disponível, e sua verdade não merece dúvidas da parte de qualquer biólogo moderno sério.” Mas, é este realmente o caso? De jeito nenhum. Um pouco de pesquisa revelará que muitos cientistas, incluindo ‘biólogos modernos sérios’, não só duvidam da evolução, mas não crêem nela. Crêem que a evidência a favor da criação é muito, muito mais forte mesmo. Assim, declarações taxativas, como esta feita por Dawkins, incidem em erro. Mas, são bem típicas das tentativas de enterrar a oposição sob tal linguagem. Notando isto, um observador escreveu na revista New Scientist (Novo Cientista): “Será que Richard Dawkins tem tão pouca fé na evidência a favor da evolução que precisa recorrer a indiscriminadas generalizações a fim de rejeitar os oponentes das suas crenças?”

Em sentido similar, o livro A View of Life (Um Conceito da Vida), dos evolucionistas Luria, Gould e Singer, declara que a “evolução é um fato”, e assevera: “Poderíamos também duvidar de que a Terra gira ao redor do sol, ou de que o hidrogênio e o oxigênio compõem a água.” Também declara que a evolução é um fato tão real quanto a existência da gravidade. Mas, pode-se provar experimentalmente que a Terra gira ao redor do sol, que a água é composta de hidrogênio e de oxigênio, e que a gravidade existe. Não se pode provar experimentalmente a evolução. Deveras, estes mesmos evolucionistas admitem que “grassam debates sobre teorias da evolução”. Mas, será que ainda se travam debates sobre a Terra girar em torno do sol, de a água ser composta de hidrogênio e oxigênio e sobre a existência da gravidade? Não. Quão razoável é, então, afirmar que a evolução é um fato tão real quanto tais coisas?

David Pilbeam, num prefácio do livro Missing Links (Elos Que Faltam), de John Reader, mostra-nos que os cientistas nem sempre baseiam suas conclusões nos fatos. Um motivo disso, afirma Pilbeam, é que os cientistas “também são gente, e porque há muita coisa em jogo, pois há os reluzentes prêmios em forma de fama e de publicidade”. O livro admitiu que a evolução é “uma ciência alimentada por ambições individuais, e, assim, suscetível às crenças preconcebidas”. Como exemplo disso, comenta: “Quando o preconceito é . . . tão entusiasticamente acolhido e aceito por tanto tempo, como no caso do Homem de Piltdown, a ciência revela perturbadora predisposição para com a crença, antes de investigá-la.” Acrescenta o autor: “Os modernos [evolucionistas] não estão menos propensos a apegar-se a dados errados que apóiem suas concepções preestabelecidas do que estavam os pesquisadores anteriores . . . [que] rejeitavam avaliações objetivas em prol de noções nas quais desejavam crer.” Assim, devido a se terem comprometido com a evolução, e desejarem promover suas carreiras, alguns cientistas não admitem sequer a possibilidade de erro. Antes, empenham-se em justificar idéias preconcebidas, em vez de reconhecerem os fatos possivelmente prejudiciais.

Esta atitude anticientífica foi observada e deplorada por W. R. Thompson, em seu prefácio da edição centenária de Origem das Espécies, de Darwin. Thompson declarou: “Se os argumentos não resistirem à análise, deve-se negar a aprovação, e uma conversão em massa, devida a argumentos sem base, tem de ser considerada deplorável.” Disse ele: “Os fatos e as interpretações em que Darwin confiava deixaram atualmente de convencer. As pesquisas há muito continuadas sobre a hereditariedade e a variação minaram a posição darwiniana.”

Thompson também observou: “Um efeito persistente e lamentável do êxito de Origem foi o vício cultivado pelos biólogos da especulação não comprovável. . . . O êxito do darwinismo foi acompanhado pelo declínio em integridade científica.” Concluiu: “Esta situação, em que homens da ciência se apressam a defender uma doutrina que não conseguem definir cientificamente, e muito menos demonstrar com rigor científico, tentando manter sua credibilidade perante o público pela supressão da crítica e a eliminação das dificuldades, é anormal e indesejável na ciência.”

Similarmente, certo professor de antropologia, Anthony Ostric, criticou seus colegas cientistas por declararem “factual” que o homem descendeu de criaturas simiescas. Disse que “no máximo, trata-se apenas duma hipótese, e, aliás, de uma que não conta com bom apoio”. Observou que “não existe evidência de que o homem não tenha permanecido essencialmente o mesmo desde a primeira evidência de seu aparecimento”. Os antropólogos disseram que amplo conjunto de profissionais se alinhou com aqueles que promovem a evolução “por medo de não serem declarados peritos sérios, ou de serem rejeitados de círculos acadêmicos sérios”. Neste respeito, Hoyle e Wickramasinghe também comentam: “Ou se crê nestes conceitos, ou se é inevitavelmente rotulado de herege.” Um resultado disto tem sido a indisposição da parte de muitos cientistas de examinar sem preconceitos o ponto de vista da criação. Conforme observado numa carta dirigida ao editor da revista Hospital Practice (Prática Hospitalar): “A ciência sempre se orgulhou de sua objetividade, mas receio que nós, cientistas, estejamos rapidamente nos tornando vítimas do modo de pensar preconceituoso e bitolado que repudiamos há tanto tempo.”

Fracasso da Religião

Um motivo adicional de a evolução ser aceita é o fracasso da religião convencional, tanto no que ensina como no que faz, bem como seu fracasso de apresentar devidamente o relato da Bíblia sobre a criação. Pessoas informadas estão bem a par do histórico religioso de hipocrisia, opressão e inquisições. Observaram o clero apoiar ditadores assassinos. Sabem que pessoas da mesma religião mataram-se umas às outras aos milhões, na guerra, com o apoio do clero a cada um dos lados. Assim, não têm motivos de dar consideração ao Deus ao qual estas religiões supostamente representam. Também, doutrinas absurdas e antibíblicas aumentam tal alienação. Idéias tais como o tormento eterno — que Deus asse pessoas para sempre num inferno de fogo literal — repugnam às pessoas racionais.

No entanto, não só as pessoas racionais sentem repulsa a tais ensinos e atos religiosos, mas a evidência da Bíblia é de que Deus também sente tal repulsa. Deveras, a Bíblia expõe com franqueza a hipocrisia de certos líderes religiosos. Por exemplo, ela afirma sobre eles: “Vós também, deveras, pareceis por fora justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e do que é contra a lei.” (Mateus 23:28) Jesus disse ao povo comum que seus clérigos eram “guias cegos” que ensinavam, não o provindo de Deus, mas, “por doutrinas”, opostos “mandamentos de homens”. (Mateus 15:9, 14) Similarmente, a Bíblia condena os fanáticos religiosos que “declaram publicamente que conhecem a Deus, mas repudiam-no pelas suas obras”. (Tito 1:16) Assim, apesar das pretensões delas, as religiões que promovem ou compactuam com a hipocrisia e o derramamento de sangue não se originam de Deus, nem o representam. Antes, são chamadas de “falsos profetas”, e são comparadas a árvores que produzem “fruto imprestável”. — Mateus 7:15-20; João 8:44; 13:35; 1 João 3:10-12.

Também, muitas religiões capitularam na questão da evolução, não fornecendo assim nenhuma alternativa para seus adeptos. Por exemplo, a New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) declara: “A evolução geral, mesmo do corpo do homem, parece ser o relato científico mais provável das origens.” Numa reunião realizada no Vaticano, 12 estudiosos que representavam o mais elevado grupo de cientistas da Igreja Católica concordaram na seguinte conclusão: “Estamos convictos de que o conjunto de evidência faz com que o conceito da evolução até o homem e outros primatas fique acima de qualquer contestação séria.” Com tal endosso religioso, será provável que membros pouco informados das igrejas apresentem objeção, mesmo quando, em realidade, o “conjunto de evidência” não apóie a evolução, mas, em vez disso, realmente apóie a criação?

O vácuo deixado por isto é amiúde preenchido pelo agnosticismo e pelo ateísmo. As pessoas, abandonando a crença em Deus, aceitam a evolução qual alternativa. Hoje em dia, em vários países, o ateísmo baseado na evolução é até mesmo a diretriz oficial do Estado. A responsabilidade por grande parte desta descrença pode ser lançada aos pés das religiões deste mundo.

Também, algumas doutrinas religiosas movem as pessoas a crer que a Bíblia ensina coisas contrárias aos fatos científicos, de modo que rejeitam o Deus da Bíblia. À guisa de exemplo, conforme indicado num capítulo anterior, alguns afirmam de modo errôneo que a Bíblia ensina que a Terra foi criada em seis dias literais de 24 horas, e que só tem 6.000 anos. Mas a Bíblia não ensina estas coisas.

‘É Preciso Ver Para Crer’

Alguns rejeitam sinceramente o conceito de um Criador porque acham, conforme o ditado, que ‘é preciso ver para crer’. Se não se puder ver ou medir algo, de alguma forma, então talvez achem que isso não existe. Na verdade, na vida diária, tais pessoas reconhecem a existência de muitas coisas que não podem ser vistas, tais como a eletricidade, o magnetismo, as ondas de rádio ou de televisão, e a gravidade. Todavia, isto não altera seu conceito, porque todas estas coisas ainda podem ser medidas ou sentidas por algum outro meio físico. Mas, não existe meio físico de se ver ou medir um Criador, ou Deus.

No entanto, como vimos em capítulos anteriores, existe sólido motivo para se crer na existência dum Criador invisível, porque podemos observar a evidência, os resultados físicos de seu trabalho. Vemos isso na perfeição técnica e na complexidade da estrutura atômica, no universo magnificamente organizado, no ímpar planeta Terra, no design estupendo das coisas vivas e no assombroso cérebro do homem. São efeitos que precisam ter uma causa adequada que explique sua existência. Mesmo os materialistas aceitam esta lei de causa e efeito em todos os outros assuntos.

Por que não também com relação ao universo físico em si?

Sobre este ponto, o argumento simples da Bíblia é a melhor expressão: “Desde a criação do mundo, suas perfeições invisíveis [i.e., do Criador], seu poder eterno e sua divindade se tornaram perfeitamente visíveis à inteligência por meio de suas obras.” (Romanos 1:20, Lincoln Ramos) Em outras palavras, a Bíblia arrazoa de efeito à causa. A criação visível, as assombrosas ‘obras de Deus’, são evidente efeito que tem de ter uma causa inteligente. Essa causa invisível é Deus. Também, como o Arquiteto de todo o universo, o Criador sem dúvida possui tão enorme poder que os humanos de carne e sangue não deveriam esperar ver a Deus e sobreviver. Como comenta a Bíblia: “Homem algum pode ver [a Deus] e continuar vivo.” — Êxodo 33:20.

Outro Motivo Principal de Descrença

Existe outro motivo principal de muitas pessoas deixarem de crer em Deus e aceitarem a evolução. Trata-se da prevalência do sofrimento. Durante séculos, houve tanta injustiça, opressão, crime, guerra, doenças e morte. Muitos não entendem a razão de a família humana padecer tais aflições. Acham que um Criador onipotente não teria permitido tais coisas. Uma vez que tais condições deveras existem, acham que não poderia existir Deus. Assim, quando a evolução é apresentada, aceitam-na como a única escolha, não raro sem muito exame.

Por que, então, um Criador onipotente iria permitir tanto sofrimento? Continuará assim para sempre? Entender a resposta a este problema habilitará a pessoa, por sua vez, a entender o motivo mais profundo e subjacente para que a teoria da evolução se tornasse tão difundida em nossos tempos. Próximo artigo!