O milagre humano
DENTRE todas as coisas maravilhosas da Terra, nenhuma é mais estupenda do que o cérebro humano. Por exemplo, a cada segundo, uns 100 milhões de bits de informações chegam ao nosso cérebro, provenientes dos vários sentidos. Mas, como pode ele evitar ser inapelavelmente soterrado por esta inundação? Se só podemos pensar sobre uma coisa por vez, como é que a mente processa estes milhões de mensagens simultâneas? É óbvio que a mente não só sobrevive à inundação, mas a enfrenta com facilidade.
Como ela consegue fazê-lo constitui apenas uma das maravilhas do cérebro humano. Dois fatores estão envolvidos. Primeiro, no tronco encefálico há uma rede de nervos do tamanho de seu dedo mindinho. Esta rede é chamada de formação reticular. Atua como uma espécie de centro de controle de tráfego, monitorizando os milhões de mensagens que chegam ao cérebro, separando as triviais e selecionando as essenciais para receberem atenção do córtex cerebral. A cada segundo, esta pequena rede de nervos só permite que algumas centenas, no máximo, penetrem na mente consciente.
Em segundo lugar, adicional concentração de nossa atenção parece provir de ondas que varrem o cérebro de 8 a 12 vezes por segundo. Estas ondas causam períodos de alta sensitividade, durante os quais o cérebro observa os sinais mais fortes e atua sobre eles. Crê-se que, por meio de tais ondas, o cérebro rastreia a si mesmo, deste modo focalizando-se nos essenciais. Assim, a cada segundo, surpreendente azáfama de atividades desenvolve-se em nossa cabeça!
Algo “Que Produz Admiração”
Nos anos recentes, os cientistas fizeram tremendos avanços nos estudos sobre o cérebro. Mesmo assim, o que aprenderam nada é quando comparado com o que continua desconhecido. Certo pesquisador disse que, depois de milhares de anos de especulação e de recentes décadas de intensivas pesquisas científicas, o nosso cérebro, junto com o universo, continua sendo “essencialmente misterioso”. Por certo, o cérebro humano é, sem sombra de dúvida, a parte mais misteriosa do milagre humano — o termo “milagre” significando “algo que produz admiração” (AURÉLIO).
A admiração inicia-se pelo útero. Três semanas após a concepção, começam a formar-se as células cerebrais. Crescem em surtos, às vezes até 250.000 células por minuto. Depois do nascimento, o cérebro continua crescendo e formando sua rede de conexões. O abismo que separa o cérebro humano do cérebro de qualquer animal logo se manifesta: “O cérebro do bebê humano, diferente do que o de qualquer outro animal, triplica de tamanho em seu primeiro ano”, declara o livro The Universe Within (O Universo Interno). Com o tempo, cerca de 100 bilhões de células nervosas, chamadas neurônios, bem como outros tipos de células, localizam-se num cérebro humano, embora represente apenas 2 por cento do peso total do corpo.
As células cerebrais chaves — os neurônios — realmente não grudam umas nas outras. Acham-se separadas por sinapses, diminutos espaços de uns 25 milionésimos de milímetro. Estes espaços são cruzados por substâncias químicas chamadas de neurotransmissores, 30 das quais já são conhecidas, mas o cérebro pode possuir muitas outras. Estes sinais químicos são recebidos na terminação nervosa do neurônio por uma malha de diminutos filamentos chamados dendritos. Os sinais são então transmitidos para a outra terminação nervosa do neurônio por meio duma fibra nervosa chamada axônio. Nos neurônios, os sinais são elétricos, mas, ao cruzarem os espaços, são químicos. Assim, a transmissão dos sinais nervosos é de natureza eletroquímica. Cada impulso tem a mesma força, mas a intensidade do sinal depende da freqüência dos impulsos, que pode ser tão alta quanto mil por segundo.
Não é certo quais são exatamente as mudanças fisiológicas que ocorrem no cérebro durante a aprendizagem. Mas, a evidência experimental sugere que, à medida que aprendemos, especialmente na nossa vida inicial, formam-se melhores conexões, e liberam-se mais das substâncias químicas que cruzam os espaços entre os neurônios. O emprego continuado das conexões as fortalece, e, assim, reforça-se a aprendizagem. “Os caminhos amiúde ativados são de algum modo fortalecidos”, veicula a revista Scientific American (Americano Científico). Interessante, sobre este ponto, é o comentário da Bíblia de que os assuntos mais profundos são mais facilmente entendidos por pessoas maduras, “que pelo uso têm as suas faculdades perceptivas treinadas”. (Hebreus 5:14) A pesquisa revela que as faculdades mentais não utilizadas se atrofiam. Assim o cérebro, como um músculo, é fortalecido através do uso, e debilitado pela falta de uso.
Os amplos números de fibras nervosas microscópicas que constituem estas conexões dentro do cérebro são amiúde mencionados como “conexões”. São colocadas de forma precisa dentro dum feixe de estonteante complexidade. Mas, como são colocadas nos lugares exatos, exigidos pelos “diagramas de conexões”, constitui um mistério. “Sem dúvida, a questão mais importante e não-solucionada do desenvolvimento do cérebro”, disse certo cientista, “é a questão de como os neurônios estabelecem padrões específicos de conexões. . . . A maioria das conexões parecem ser precisamente estabelecidas num estágio inicial de desenvolvimento.” Outro pesquisador acrescenta que estas áreas especificamente mapeadas do cérebro “são comuns a todo o sistema nervoso, e um dos maiores problemas não-solucionados continua sendo como se fixam tais conexões precisas”.
É astronômico o número destas conexões! Cada neurônio talvez tenha milhares de conexões com outros neurônios. Não só existem conexões entre os neurônios, mas também existem microcircuitos estabelecidos diretamente entre os próprios dendritos. “Estes ‘microcircuitos’”, afirma certo neurologista, “dão uma dimensão totalmente nova à nossa concepção já estonteante de como funciona o cérebro”. Alguns pesquisadores crêem que os “bilhões e bilhões de células nervosas no cérebro humano estabelecem, talvez, até um quadrilhão de conexões”. Com que capacidade? Carl Sagan declara que o cérebro poderia reter informações que “preencheriam cerca de vinte milhões de volumes, tantos quantos os existentes nas maiores bibliotecas do mundo”.
É o córtex cerebral que situa o homem numa posição muito distante da do animal. Tem uns 6 milímetros de espessura, e forma uma grande massa fissurada, aderente ao crânio. Se estendido, o córtex mediria cerca de 2.300 centímetros quadrados, com uns 970 quilômetros de fibras conectivas por centímetro cúbico. O córtex humano não é apenas muito maior do que o de qualquer animal, mas possui, também, uma área maior, não comprometida. Isto é, não está comprometida na execução de funções físicas do corpo, mas está livre para os processos mentais mais elevados que distinguem as pessoas dos animais. “Nós não somos simplesmente símios mais espertos”, disse certo pesquisador. Nossas mentes “tornam-nos qualitativamente diferentes de todas as demais formas de vida”.
Nossa Capacidade Muito Superior
“O que distingue o cérebro humano”, disse certo cientista, “é a variedade de atividades mais especializadas que ele é capaz de aprender”. A ciência da informática utiliza o termo “hardwired” para referir-se a características inerentes baseadas em circuitos fixos, em contraste com funções lançadas num computador por um programador. “Aplicando-se a seres humanos”, escreve certa autoridade, “hard wiring refere-se a capacidades inatas, ou, pelo menos, predisposições”. Nas pessoas, há muitas capacidades inerentes de aprendizagem, mas não a própria aprendizagem. Os animais, à guisa de contraste, dispõem de sabedoria instintiva hardwired (com conexões já fixadas), porém capacidades limitadas de aprender coisas novas.
O livro The Universe Within tece a observação que o animal mais inteligente “jamais desenvolve uma mente como a do ser humano. Pois lhe falta aquilo de que dispomos: pré-programação de nosso equipamento neural que nos habilita a formular conceitos daquilo que vemos, linguagem daquilo que ouvimos, e idéias à base de nossas experiências”. Mas, temos, pelo que assimilamos do que nos cerca, de programar o cérebro, de outra forma, como declara tal livro, “não se desenvolveria nada que se assemelhasse à mente humana . . . Sem esta imensa infusão de experiência, dificilmente apareceria o mínimo vestígio de intelecto”. Assim, a capacidade inerente ao cérebro humano nos habilita a construir o intelecto humano. E, diferente dos animais, temos livre-arbítrio para programar nossos intelectos como quisermos, baseado em nosso próprio conhecimento, valores, oportunidades e alvos.
A Linguagem É Algo Ímpar aos Humanos
A linguagem constitui notável exemplo de capacidades que dispõem de conexões já fixadas com grande flexibilidade para serem programadas por nós. Os especialistas concordam que “o cérebro humano acha-se geneticamente programado para o desenvolvimento da linguagem”, e que a linguagem “somente pode ser explicada à base de uma capacidade de processamento lingüístico inato, no âmbito de nosso cérebro”. Diferente, contudo, da rigidez demonstrada no comportamento instintivo dos animais, existe tremenda flexibilidade na utilização, pelos humanos, desta capacidade hardwired para a linguagem.
Uma linguagem específica não se acha hardwired em nossos cérebros, mas somos pré-programados com a capacidade de aprender línguas. Caso em casa se falem duas línguas, uma criança pode aprender ambas. Se ouvir sempre uma terceira língua, a criança pode aprendê-la também. Certa jovem costumava ouvir várias línguas desde a infância. Quando completou 5 anos, falava fluentemente oito línguas. Em vista de tais capacidades inatas, não é surpresa que um lingüista tenha dito que as experiências feitas com chimpanzés, sobre linguagem de sinais, “provam realmente que os chimpanzés são incapazes de assimilar até mesmo as formas mais rudimentares da linguagem humana”.
Poderia esta surpreendente habilidade ter evoluído dos grunhidos e dos rugidos dos animais? Estudos feitos das línguas mais antigas eliminam tal evolução da linguagem. Certo especialista disse que “não existem línguas primitivas”. O antropólogo Ashley Montagu concordou que as chamadas línguas primitivas “são amiúde muito mais complexas e mais eficientes do que as línguas das civilizações chamadas superiores”.
Um neurologista conclui: “Quanto mais tentamos investigar o mecanismo da linguagem, tanto mais misterioso se torna tal processo.” Outro pesquisador afirma: “No presente, a origem da linguagem sintática permanece um mistério.” E um terceiro declara: “O poder da linguagem, movendo homens e nações como nenhuma outra força, distancia de forma ímpar os humanos dos animais. Todavia, as origens da linguagem continuam sendo um dos mistérios mais intrigantes sobre o cérebro.” Não é nenhum mistério, contudo, para os que vêem nisso a mão dum Criador que “hardwired” áreas do cérebro onde se localizam as capacidades lingüísticas.
Coisas Que Só a Criação Pode Explicar
A Encyclopœdia Britannica declara que o cérebro do homem “é dotado de consideravelmente maior potencial do que se consegue atingir no curso de vida duma pessoa”. Também se tem declarado que o cérebro humano poderia assumir qualquer carga de aprendizagem e de memorização que se colocasse sobre ele agora, e um bilhão de vezes mais! Por que, porém, produziria a evolução tal excesso? “Este é, com efeito, o único exemplo que existe em que uma espécie foi provida dum órgão que ainda não aprendeu a utilizar”, admitiu um cientista. Perguntou, então: “Como se pode conciliar isto com a tese mais fundamental da evolução: a seleção natural atua em pequenos passos, cada um dos quais precisa conferir a seu portador uma vantagem mínima, porém, assim mesmo mensurável?” Acrescentou que o desenvolvimento do cérebro humano “continua sendo o aspecto mais inexplicável da evolução”. Uma vez que o processo evolucionário não produziria nem repassaria tal capacidade cerebral em excesso, que nunca seria utilizada, não é mais razoável concluir-se que o homem, dotado da capacidade de infindável aprendizagem, foi projetado para viver para sempre?
Carl Sagan, surpreso de o cérebro humano poder reter informações que “preencheriam cerca de vinte milhões de volumes”, declarou: “O cérebro é um local muito grande em um espaço muito pequeno.” E o que acontece neste espaço pequeno é um desafio ao entendimento humano. Por exemplo, imagine o que deve passar pela mente dum pianista que executa uma difícil peça musical, com todos os dedos voando sobre as teclas. Que assombroso senso de movimentação deve possuir o cérebro dele, de modo que seus dedos toquem nas teclas certas no momento preciso, com a força exata para igualar as notas que tem na cabeça! E, se tocar a tecla errada, o cérebro de imediato o faz saber disso! Toda esta operação incrivelmente complexa foi programada no cérebro dele através de anos de prática. Mas, somente se torna possível graças à capacidade musical pré-programada no cérebro humano já antes do nascimento.
Nenhum cérebro animal jamais concebeu tais coisas, sendo ainda menos capaz de executá-las. Nem qualquer teoria evolucionista supre uma explicação. Não é evidente que as qualidades intelectuais do homem refletem as de um Supremo Intelecto? Isto se harmoniza com Gênesis 1:27, que declara: “Deus passou a criar o homem à sua imagem.” Os animais não foram criados à imagem de Deus. É por isso que não possuem as capacidades do homem. Embora os animais executem coisas surpreendentes por meio de instintos predeterminados e rígidos, não são páreo de forma alguma para os humanos, com sua flexibilidade de pensar e de agir, e sua capacidade de prosseguir edificando sobre conhecimento prévio.
A capacidade humana de demonstrar altruísmo — dar de forma desinteressada — gera outro problema para a evolução. Como observou certo evolucionista: “Qualquer coisa que a seleção natural tivesse feito evoluir devia ser egoísta.” E muitos humanos são egoístas, naturalmente. Mas, como ele admitiu mais tarde: “É possível que ainda outra qualidade ímpar do homem seja a capacidade de demonstrar altruísmo genuíno, desinteressado e verdadeiro.” Outro cientista acrescentou: “O altruísmo está dentro de nós.” Somente no caso dos humanos ele é praticado com a consciência do custo, ou do sacrifício, que possa estar envolvido.
Apreço Pelo Milagre Humano
Considere só: O homem cria o pensamento abstrato, estabelece alvos conscientemente, faz planos para alcançá-los, dá os passos para executá-los e deriva satisfação em sua consecução. Criado com olhos voltados para a beleza, com ouvidos inclinados para a música, com gosto pela arte, com um impulso de aprender, dotado de insaciável curiosidade e de uma imaginação inventiva e criativa — o homem obtém alegria e se sente realizado ao exercer tais dons. Sente-se desafiado por problemas, e deleita-se em utilizar suas faculdades mentais e físicas para equacioná-los. Um senso moral para diferençar o certo do errado, e uma consciência que o aguilhoa quando se desvia — o homem também possui tais coisas. Sente felicidade em dar, e alegria em amar e ser amado. Todas estas atividades realçam seu prazer na vida, e dão objetivo e significado à sua vida.
Um humano pode contemplar as plantas e os animais, a grandeza das montanhas e dos oceanos em sua volta, a amplidão dos céus estrelados acima dele, e sentir sua pequenez. Mostra-se cônscio do tempo e da eternidade, fica imaginando como foi que surgiu e para onde vai, e esforça-se para entender o que está por trás de tudo isso. Nenhum animal entretém tais pensamentos. Um humano, porém, procura saber a razão das coisas. Tudo isto resulta de ser dotado de assombroso cérebro e de portar a “imagem” Daquele que o criou.
Com estupenda visão, o antigo salmista Davi deu crédito Àquele que projetou o cérebro e Àquele que ele considerava o responsável pelo milagre do nascimento humano. Disse: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. Teus trabalhos são maravilhosos, de que minha alma está bem apercebida. Meus ossos não te estavam ocultos quando fui feito às escondidas, quando fui tecido nas partes mais baixas da terra. Teus olhos viram até mesmo meu embrião, e todas as suas partes estavam assentadas por escrito no teu livro.” — Salmo 139:14-16.
Na verdade, pode-se dizer que o óvulo fertilizado no útero da mãe contém todas as partes do emergente corpo humano “assentadas por escrito”. O coração, os pulmões, os rins, os olhos e os ouvidos, os braços e as pernas, e o assombroso cérebro — estas e todas as demais partes do corpo foram “assentadas por escrito” no código genético do óvulo fertilizado no útero da mãe. Este código contém os cronogramas internos do aparecimento dessas partes, cada uma em sua devida ordem. Isto foi registrado na Bíblia a cerca de três mil anos antes de a ciência moderna ter sequer descoberto o código genético!
Não é a existência do homem — com seu surpreendente cérebro — deveras um milagre, uma causa de admiração? Não é também evidente que tal milagre só pode ser atribuído à criação, e não à evolução? Mais artigos esclarecedores, veja mais!