Por que há discordâncias a respeito da evolução?
Por que há discordâncias a respeito da evolução?

Por que há discordâncias a respeito da evolução?

Quando uma edição centenária, especial, de A Origem das Espécies, de Darwin, estava sendo preparada, W. R. Thompson, então diretor do Instituto de Controle Biológico da Comunidade, de Ottawa, Canadá, foi convidado a escrever o prefácio. Nele, declarou: “Como sabemos, há grande divergência de opiniões entre os biólogos, não só quanto às causas da evolução, mas também, até mesmo, sobre o processo em si. Tal divergência existe porque a evidência é insatisfatória, e não permite nenhuma conclusão abalizada. Por conseguinte, é correto e apropriado trazer à atenção do público não-científico os desacordos sobre a evolução.”

AQUELES que apóiam a teoria da evolução acham que ela agora já é um fato confirmado. Crêem que a evolução é uma “ocorrência real”, uma “realidade”, uma “verdade”, conforme certo dicionário define a palavra “fato”. Mas, será mesmo?

À guisa de ilustração: Cria-se, certa vez, que a Terra era plana. Atualmente já se confirmou, com certeza, que ela tem formato esferóide. Isso é um fato. Cria-se outrora que a Terra era o centro do universo, e que os céus giravam em torno da Terra. Atualmente sabemos, com certeza, que a Terra gira numa órbita ao redor do sol. Isto, também, é um fato. Muitas coisas — que outrora eram apenas teorias debatíveis — foram confirmadas pela evidência como fatos sólidos, realidades, verdades.

Será que um exame da evidência a favor da evolução lhe daria igual respaldo? É curioso que, desde que o livro de Charles Darwin, A Origem das Espécies, foi publicado em 1859, vários aspectos dessa teoria passaram a ser motivo de considerável discordância, mesmo entre cientistas evolucionistas de nomeada. Hoje em dia, tal disputa é mais acirrada do que nunca. E é esclarecedor considerar o que dizem sobre o assunto os próprios defensores da evolução.

A Evolução sob Ataque

A revista científica Discover (Descobrir) pôs a situação no seguinte pé: “A evolução . . . não está sob ataque apenas de cristãos fundamentalistas, mas também é questionada por cientistas de grande reputação. Entre os paleontólogos, cientistas que estudam os fósseis, há crescente discordância quanto ao conceito prevalecente do darwinismo.” Francis Hitching, evolucionista e autor do livro The Neck of the Giraffe (O Pescoço da Girafa), declarou: “O darwinismo, a despeito de toda a aceitação que goza no mundo científico como o grande princípio unificador da biologia, depois de um século e um quarto, acha-se envolto num surpreendente montão de dificuldades.”

Depois de importante conferência de uns 150 especialistas da evolução, realizada em Chicago, Illinois, EUA, um informe concluía: “[A evolução] está atravessando sua mais ampla e profunda revolução em cerca de 50 anos. . . . Exatamente como a evolução ocorreu é, hoje em dia, uma questão de grande controvérsia entre os biólogos. . . . Não havia em vista nenhuma solução definida para essas controvérsias.”

O paleontólogo Niles Eldredge, evolucionista de destaque, disse: “A dúvida que se infiltrou na anterior certeza presunçosa e confiante da biologia evolucionista, nos últimos vinte anos, tem atiçado paixões.” Mencionou a “falta de total acordo, mesmo no âmbito dos campos opostos”, e acrescentou: “As coisas estão realmente tumultuadas nestes dias . . . Às vezes, parece que há tantas variações de cada tema [evolucionista] quanto o número de biólogos singulares.”

Certo redator do jornal The Times (Os Tempos), de Londres, Christopher Booker (que aceita a evolução), disse a respeito disso: “Era uma teoria lindamente simples e atraente. A única dificuldade era que, como o próprio Darwin estava pelo menos parcialmente cônscio, ela se achava repleta de colossais furos.” No que tange à Origem das Espécies, de Darwin, ele observou: “Deparamo-nos aqui com a suprema ironia de que um livro, que se tornou famoso por explicar a origem das espécies, na verdade não faz nada disso.” — Grifo acrescentado.

Booker também afirmou: “Decorrido um século desde a morte de Darwin, ainda não temos a menor idéia demonstrável, ou mesmo plausível, de como a evolução realmente ocorreu — e, nos anos recentes, isto levou a uma série extraordinária de batalhas sobre o assunto todo. . . . existe um estado de guerra quase declarada entre os próprios evolucionistas, todo o tipo de seita [evolucionista] instando que haja alguma nova modificação.” Concluiu: “Não temos a menor idéia de como e por que ela realmente ocorreu, e provavelmente jamais teremos.”

O evolucionista Hitching concordou, afirmando: “Surgiram explosivamente rixas sobre a teoria da evolução . . . Posições arraigadas, a favor e contra, foram tomadas em altos escalões, e choveram insultos, como obuses de morteiros, de ambos os lados.” Disse tratar-se de uma disputa acadêmica de amplas proporções, “potencialmente uma daquelas épocas na ciência em que, bem subitamente, uma idéia há muito acalentada é derrubada pelo peso da evidência contrária, e uma nova idéia ocupa seu lugar”. E a revista inglesa New Scientist (Novo Cientista) observou que “crescente número de cientistas, mais especificamente um avolumante número de evolucionistas . . . argumenta que a teoria da evolução darwiniana não é, de jeito nenhum, uma teoria genuinamente científica. . . . Muitos de tais críticos dispõem das mais altas credenciais intelectuais”.

Dilemas Sobre as Origens

A respeito da questão da origem da vida, o astrônomo Robert Jastrow disse: “Para despeito deles, [os cientistas] não dispõem duma resposta taxativa, porque os químicos jamais tiveram êxito em reproduzir as experiências da natureza sobre a criação da vida à base de matéria abiótica. Os cientistas não sabem como isso aconteceu.” Acrescentou: “Os cientistas não têm prova de que a vida não foi o resultado de um ato de criação.”

Mas as dificuldades não cessam com a origem da vida. Considere alguns órgãos do corpo, tais como o olho, o ouvido, o cérebro. Todos nos deixam pasmados diante de sua complexidade, muito maior do que o mais intricado aparelho feito pelo homem. Um dos problemas da evolução tem sido que todas as partes de tais órgãos precisam operar juntas para que haja a visão, a audição ou o pensamento. Tais órgãos teriam sido inúteis até que todas as partes, de per si, estivessem completas. Assim, surge a questão: Poderia o elemento não-dirigido do acaso, que se reputa uma força impulsionadora da evolução, ter ajuntado todas estas partes no tempo certo, a fim de produzir mecanismos tão complexos?

Darwin admitiu que isto era um problema. Por exemplo, escreveu: “Parece impossível ou absurdo, reconheço-o, supor que a [evolução] pudesse formar a visão.” Desde então já se passou mais de um século. Foi equacionado o problema? Não. Pelo contrário, desde a época de Darwin, o que se tem aprendido sobre o olho revela-o ainda mais complexo do que ele, Darwin, entendia que fosse. Assim, disse Jastrow: “O olho parece ter sido projetado; nenhum projetista de telescópios teria feito melhor.”

Se isto acontece com o olho, que dizer então do cérebro humano? Visto que até mesmo uma máquina simples não evolui por acaso, como pode ser factual que isso tenha acontecido com o cérebro, infinitamente mais complexo? Concluiu Jastrow: “É difícil aceitar a evolução do olho humano como produto do acaso; é ainda mais difícil aceitar a evolução da inteligência humana como o produto de distúrbios aleatórios dos neurônios de nossos ancestrais.”

Dilemas Que Envolvem os Fósseis

Os cientistas conseguiram obter, por meio de escavações, milhões de ossos e outras evidências de vida no passado, e estes são chamados de fósseis. Se a evolução fosse factual, por certo deveria haver neles ampla evidência da evolução de uma espécie de coisa viva em outra espécie. Contudo, o Bulletin (Boletim) do Museu Field de História Natural, de Chicago, EUA, comentou: “A teoria da [evolução], de Darwin, sempre esteve estreitamente vinculada com a evidência fóssil, e, provavelmente, a maioria das pessoas presume que os fósseis desempenham uma parte importantíssima do argumento geral a favor das interpretações darwinianas da história da vida. Infelizmente, isto não é estritamente verídico.”

Por que não? O Bulletin prosseguiu dizendo que Darwin “ficou embaraçado com os fósseis porque não tinham a aparência que ele predissera . . . a documentação geológica não apresentava naquele tempo, e ainda não apresenta, uma cadeia finamente graduada de evolução lenta e progressiva”. Com efeito, atualmente, depois de mais de um século de coleta de fósseis, “dispomos de ainda menos exemplos de transição evolucionista do que tínhamos na época de Darwin”, explicou o Bulletin. Por que isto se dá? Devido a que a evidência mais abundante dos fósseis, hoje disponível, mostra que alguns dos exemplos, que certa vez eram empregados para apoiar a evolução, hoje em dia são encarados como não o fazendo de forma alguma.

Este fracasso da evidência fóssil em apoiar a evolução gradual tem perturbado muitos evolucionistas. Na obra The New Evolutionary Timetable (O Novo Cronograma Evolucionista), Steven Stanley mencionou “o fracasso geral da documentação em exibir transições graduais de um grupo principal para outro”. Disse ele: “A documentação fóssil conhecida não está, e nunca esteve, de acordo com [a evolução lenta].” Niles Eldredge também admitiu: “Não existe o padrão que nos mandaram procurar nos últimos 120 anos.”

Teorias Mais Recentes

Tudo isto tem levado muitos cientistas a patrocinar teorias inovadoras sobre a evolução. A revista Science Digest (Sumário de Ciência) expressou-se do seguinte modo: “Alguns cientistas propõem mudanças evolutivas ainda mais rápidas e estão agora trabalhando bem seriamente com idéias certa vez popularizadas apenas na ficção.”

Para exemplificar, há cientistas que concluíram que a vida não poderia ter surgido espontaneamente na Terra. Em vez disso, especulam que deve ter-se originado no espaço sideral e, daí, vindo flutuando até a Terra. Mas, isso apenas faz recuar no tempo o problema da origem da vida, e o coloca num ambiente ainda mais proibitivo. São bem conhecidos os perigos que confrontam a vida no ambiente hostil do espaço sideral. Será provável, então, que a vida começasse espontaneamente em outra parte do universo e sobrevivesse sob tais condições rigorosas para chegar à Terra, e, mais tarde, se desenvolvesse na vida como a conhecemos?

Uma vez que os fósseis não demonstram o desenvolvimento gradual de vida, passando de um tipo para outro, há evolucionistas que teorizam que tal processo deve ter acontecido aos saltos (ou espasmos), e não a um ritmo contínuo. Como explica The World Book Encyclopedia (Enciclopédia do Livro Mundial): “Muitos biólogos acham que novas espécies podem ser produzidas por alterações súbitas e drásticas nos genes

Alguns adeptos desta teoria chamaram este processo de “equilíbrio pontuado”. Isto é, as espécies mantêm seu “equilíbrio” (permanecem quase as mesmas), mas, de vez em quando, existe uma “pontuação” (um grande salto para evoluir em outra coisa). Isto é exatamente o oposto da teoria que tem sido aceita, durante muitas décadas, por quase todos os evolucionistas. O abismo que existe entre as duas teorias foi ilustrado por uma manchete do jornal The New York Times: “Atacada a Teoria da Evolução Rápida.” A notícia observava que a idéia mais recente sobre o “equilíbrio pontuado” tinha “suscitado nova oposição” entre aqueles que mantêm o conceito tradicional.

Independente da teoria adotada, é razoável que devia haver pelo menos certa evidência de que uma espécie de vida se transforma em outra. Ainda persistem, porém, as lacunas entre as diferentes espécies de vida encontradas nos fósseis, bem como as lacunas entre os diferentes tipos de coisas vivas existentes hoje na Terra.

Também, é revelador ver o que aconteceu com a idéia de Darwin, há muito aceita, da “sobrevivência do mais apto”. Ele a chamou de “seleção natural”. Isto é, acreditava que a natureza “selecionava” as mais aptas coisas vivas para a sobrevivência. À medida que estes “aptos” supostamente adquiriam novas características que lhes fossem vantajosas, evoluíam lentamente. Mas a evidência dos últimos 125 anos mostra que, ao passo que os mais aptos podem realmente sobreviver, isto não explica como é que surgiram. Um leão pode ser mais apto que outro leão, mas isso não explica como veio a ser um leão. E toda a sua prole ainda será de leões, e não de outra coisa.

Assim, o escritor Tom Bethell comentou na revista Harper’s: “Darwin cometeu um erro suficientemente grave para minar sua teoria. E tal erro só recentemente foi reconhecido como tal. . . . Um organismo pode, deveras, ser ‘mais apto’ que outro . . . Isto, naturalmente, não é algo que ajude a criar tal organismo, . . . É claro, julgo eu, que havia algo de erradíssimo com tal idéia.” Bethell acrescentou: “Segundo o entendo, a conclusão é bem assombrosa: A teoria de Darwin está, creio eu, à beira do colapso.”

Fato ou Teoria?

Resumindo alguns problemas não-solucionados que confrontam a evolução, observou Francis Hitching: “Em três áreas cruciais em que se pode testar [a teoria moderna da evolução], ela falhou: Os fósseis revelam um padrão de saltos evolutivos, em vez de mudança gradual. Os genes constituem poderoso mecanismo estabilizador, cuja função principal é impedir que evoluam novas formas. Mutações ocasionais, passo a passo, ao nível molecular, não podem explicar a complexidade organizada e crescente da vida.” — Grifo acrescentado.

Daí, concluiu Hitching, tecendo a seguinte observação: “Expressando-o da forma mais branda possível, a pessoa tem o direito de questionar uma teoria evolucionista tão repleta de dúvidas, mesmo entre aqueles que a ensinam. Se o darwinismo for deveras o grande princípio unificador da biologia, ele abrange áreas extraordinariamente grandes de ignorância. Deixa de explicar algumas das questões mais básicas: como substâncias químicas sem vida passaram a viver, que regras gramaticais regem o código genético, como os genes modelam a forma das coisas vivas.” Com efeito, Hitching declarou considerar a teoria moderna da evolução “tão inadequada, que merece ser tratada como uma questão de fé”.

Entretanto, muitos defensores da evolução acham que dispõem deveras de razões suficientes para insistirem que a evolução é factual. Explicam que só estão discutindo pormenores. Mas, se qualquer outra teoria enfrentasse tão enormes dificuldades restantes, e tantas contradições grandes entre seus proponentes, seria ela tão prontamente declarada factual? A simples repetição de que algo é um fato não o torna tal. Conforme John R. Durant, biólogo, escreveu no jornal The Guardian (O Guardião), de Londres: “Muitos cientistas sucumbem à tentação de serem dogmáticos, . . . vez após vez, a questão da origem das espécies tem sido apresentada como se já estivesse definitivamente resolvida. Nada poderia estar mais longe da verdade. . . . Persiste, contudo, a tendência para o dogmatismo, e isso de nada serve à causa da ciência.”

Por outro lado, que dizer da criação como explicação de como surgiu a vida? Será que oferece um esquema de evidência mais sólida do que as asserções que amiúde respaldam a evolução? E, como o relato mais conhecido sobre a criação, será que Gênesis lança qualquer luz verossímil sobre como foi que surgiram a Terra e as coisas vivas nela? Vamos ver!