Evidências de um planeta ímpar
NOSSO planeta Terra é deveras uma maravilha — uma jóia rara e linda no espaço. Houve astronautas que relataram que, vistos do espaço, os céus azuis e as nuvens brancas da Terra “a tornavam, sem comparação, o objeto mais convidativo que poderiam ver”.
Entretanto, há muito mais do que simplesmente beleza. “O maior de todos os enigmas científicos cosmológicos, confundindo todos os nossos esforços de compreendê-lo, é a Terra”, escreveu Lewis Thomas, na revista Discover (Descobrir). Acrescentou: “Somente agora estamos começando a avaliar quão estranha e esplêndida ela é, como nos deixa sem fôlego, o objeto mais adorável que flutua ao redor do sol, abrigado em sua própria bolha azul de atmosfera, fabricando e inalando seu próprio oxigênio, fixando seu próprio nitrogênio do ar em seu próprio solo, e gerando seu próprio clima.”
É também de interesse o seguinte: Dentre todos os planetas de nosso sistema solar, foi apenas na Terra que os cientistas encontraram vida. E quantas variedades maravilhosas e abundantes de coisas vivas existem — organismos microscópicos, insetos, plantas, peixes, aves, animais e humanos. Ademais, a Terra é um amplo depósito de riquezas que contém tudo que é necessário para sustentar toda esta vida. Deveras, como o expressou o livro The Earth (A Terra): “A Terra é a maravilha do universo, uma esfera ímpar.”
Para ilustrar quão ímpar é a Terra, imagine-se num deserto árido, desprovido de toda a vida. Subitamente, depara com uma linda casa. A casa é provida de ar condicionado, aquecimento, encanamento hidráulico e eletricidade. Seu refrigerador e seus armários estão repletos de alimentos. Seu porão contém óleo combustível e outros suprimentos. Agora, suponhamos que perguntasse a alguém de onde tudo isto tinha vindo, num deserto tão árido. Que diria se tal pessoa lhe respondesse: “Simplesmente apareceu ali por acaso”? Creria nisso? Ou teria como certo que a casa teve um arquiteto e construtor?
Todos os outros planetas perscrutados pelos cientistas acham-se desprovidos de vida. Mas a Terra pulula de vida, sustentada por sistemas bem complexos que fornecem luz, ar, calor, água e alimento, tudo em primoroso equilíbrio. Mostra evidência de ter sido feita especialmente para alojar de forma confortável as coisas vivas — como uma magnífica casa. E, é lógico, conforme argúi um dos escritores da Bíblia: “Cada casa . . . é construída por alguém, mas quem construiu todas as coisas é Deus.” Sim, a “casa” infinitamente maior e mais surpreendente — nosso planeta Terra — demanda a existência dum arquiteto e construtor notavelmente inteligente, Deus. — Hebreus 3:4.
Quanto mais os cientistas examinam o planeta Terra e a vida nele, tanto mais discernem que foi deveras magnificamente projetado. A revista Scientific American (Americano Científico) expressa sua admiração: “Ao examinarmos o universo e identificarmos os muitos acasos da física e da astronomia que operaram juntos para nosso proveito, parece quase como se o universo tivesse, em algum sentido, sabido que nós viríamos.” E a revista Science News (Notícias de Ciência) admitiu: “Parece que tais condições determinadas e precisas dificilmente poderiam ter surgido por acaso.”
Distância Exata do Sol
Entre as muitas condições precisas que são vitais à vida na Terra acha-se a quantidade de luz e de calor recebida do sol. A Terra obtém apenas ínfima fração da energia solar. Todavia, trata-se exatamente da quantidade certa, exigida para a sustentação da vida. Isto ocorre porque a Terra se encontra precisamente à distância exata do sol — a média de 150.000.000 de quilômetros. Caso a Terra estivesse muito mais próxima ou mais distante dele, as temperaturas seriam ou quentes ou gélidas demais para haver vida.
A Terra, ao percorrer sua órbita anual em torno do sol, move-se a uma velocidade de uns 107.000 quilômetros horários. Tal velocidade é exatamente a necessária para contrabalançar a atração gravitacional do sol e situar a Terra na distância apropriada. Se tal velocidade fosse diminuída, a Terra seria atraída pelo sol. Com o tempo, a Terra tornar-se-ia um deserto tórrido como Mercúrio, o planeta mais próximo do sol. A temperatura diurna de Mercúrio excede os 315 graus centígrados. Entretanto, se a velocidade orbital da Terra aumentasse, ela se afastaria mais do sol e poderia tornar-se um deserto gelado como Plutão, planeta cuja órbita é a mais distante do sol. A temperatura de Plutão é de cerca de 185 graus centígrados abaixo de zero.
Ademais, a Terra completa continuamente sua rotação em torno de seu eixo a cada 24 horas. Isto fornece períodos regulares de luz e de escuridão. Mas, e se a Terra girasse em torno de seu eixo, digamos, apenas uma vez por ano? Significaria que o mesmo lado da Terra estaria voltado para o sol o ano inteiro. Esse lado, provavelmente, tornar-se-ia um deserto incinerante, ao passo que o lado sem sol provavelmente se tornaria um ermo com temperaturas abaixo de zero. Poucas coisas vivas, se é que alguma, poderiam existir em tais circunstâncias extremas.
À medida que a Terra gira em torno de seu eixo, ela se inclina 23,5 graus em relação ao sol. Caso a Terra não fosse inclinada, não haveria mudança de estações. O clima seria o mesmo todo o tempo. Ao passo que isto não tornaria impossível a vida, torná-la-ia menos interessante e alteraria de forma drástica os atuais ciclos de colheitas em muitos lugares. Caso a Terra fosse muito mais inclinada, haveria verões extremamente quentes e invernos insuportavelmente frios. Mas a inclinação de 23,5 graus enseja a mudança deleitosa de estações, com sua pitoresca variedade. Em muitas partes da Terra, há primaveras revigorantes, em que as plantas e as árvores despertam e lindas flores desabrocham, verões quentes que permitem todo tipo de atividades ao ar livre, climas frescos de outonos, com esplendorosa exibição de folhas que mudam de cor, e invernos com lindas paisagens de montes, de florestas e de campos cobertos de neve.
Nossa Espantosa Atmosfera
Também ímpar — deveras, espantosa — é a atmosfera que cerca a nossa Terra. Nenhum outro planeta em nosso sistema solar possui uma. Nem a nossa lua. É por isso que os astronautas precisaram de trajes espaciais para sobreviver ali. Mas, na Terra não se precisa de nenhum traje espacial, porque nossa atmosfera contém, na devida proporção, os gases absolutamente essenciais à vida. Alguns destes gases, em si, são mortíferos. Mas, uma vez que o ar contém tais gases em sua devida proporção, podemos inalá-los sem sofrer danos.
Um de tais gases é o oxigênio, que compõe 21 por cento do ar que respiramos. Sem ele, os humanos e os animais morreriam em questão de minutos. Mas, oxigênio demais poria em risco nossa existência. Por quê? O oxigênio puro torna-se tóxico, se inalado por muito tempo. Ademais, quanto mais oxigênio existir, tanto mais facilmente as coisas se queimam. Se houvesse oxigênio demais na atmosfera, os materiais combustíveis se tornariam altamente inflamáveis. Poderiam irromper com facilidade incêndios, e seriam difíceis de controlar. Sabiamente, o oxigênio acha-se diluído com outros gases, especialmente o nitrogênio, que constitui 78 por cento da atmosfera. O nitrogênio, porém, é muito mais do que um simples diluente. Nas trovoadas, milhões de relâmpagos se sucedem em toda a Terra, a cada dia. Estes relâmpagos fazem com que certa dosagem de nitrogênio se combine com o oxigênio. Os compostos produzidos são transportados para a Terra pela chuva, e as plantas os utilizam como fertilizante.
O bióxido de carbono compõe menos de 1 por cento da atmosfera. Que bem resulta de tão pequena quantidade? Sem ele, a vida vegetal pereceria. Essa quantidade reduzida é a que as plantas carecem para inalar, liberando, em troca, o oxigênio. Os humanos e os animais inalam oxigênio e exalam bióxido de carbono. Crescente porcentagem de bióxido de carbono na atmosfera tenderia a ser prejudicial aos humanos e aos animais. Decrescente porcentagem não poderia sustentar a vida vegetal. Que ciclo maravilhoso, preciso e auto-sustentável foi programado para a vida vegetal, animal e humana!
A atmosfera faz mais do que sustentar a vida. Serve, também, de escudo protetor. Cerca de 24 quilômetros acima do solo, fina camada de ozônio filtra a radiação solar prejudicial. Sem esta camada de ozônio, tal radiação poderia destruir a vida na Terra. Também, a atmosfera abriga a Terra do bombardeio de meteoros. A maioria dos meteoros jamais atinge o solo, porque eles se queimam em sua descida através da atmosfera, parecendo-nos estrelas cadentes. De outra forma, milhões de meteoros assolariam todas as partes da Terra, resultando em extensivos danos causados à vida e às propriedades.
Além de ser um escudo protetor, a atmosfera conserva o calor da Terra, impedindo-o de dissipar-se na frigidez do espaço. E a força gravitacional da Terra impede que a própria atmosfera escape dela. Tal força da gravidade é apenas suficientemente forte para realizar isto, mas não tão forte a ponto de prejudicar nossa liberdade de movimento.
A atmosfera não só é vital para a vida, mas uma das vistas mais lindas que existe é o céu mutante. Seu escopo e sua grandiosidade simplesmente nos deixam atônitos. A Terra acha-se envolta pelos panoramas infindavelmente majestosos e variegados do céu. No oriente, um fulgor dourado anuncia o amanhecer, ao passo que os céus ocidentais dão adeus ao dia em gloriosas exibições róseas, alaranjadas, vermelhas e púrpuras. Nuvens brancas encapeladas, semelhantes a algodão, anunciam um lindo dia primaveril ou estival; um manto outonal de nuvens parecidas à lã de ovelha prenuncia a chegada do inverno. À noite, o céu se apresenta magnífico em seu esplendor estrelado, e uma noite de luar possui uma beleza singular.
Que estupenda provisão é a nossa atmosfera terrestre, em todo o sentido! Conforme certo escritor comentou, em The New England Journal of Medicine (Revista Médica da Nova Inglaterra): “Considerando-se tudo por tudo, o céu é uma consecução miraculosa. Funciona, e, para o que foi projetado, é tão infalível quanto qualquer outra coisa na natureza. Duvido se um de nós poderia imaginar algum meio de aprimorá-lo, além de mudar ocasionalmente uma nuvem local daqui para lá.” Este comentário traz-nos à mente o que certo homem, há milênios, reconheceu quando se viu diante de tais coisas notáveis — que elas são “as obras maravilhosas Daquele que é perfeito em conhecimento”. Queria referir-se, naturalmente, ao “Criador dos céus e o Grandioso que os estendeu”. — Jó 37:16; Isaías 42:5.
A Água — Extraordinária Substância
A Terra contém amplas reservas de água, dotada de propriedades essenciais à vida. É mais abundante do que qualquer outra substância. Entre suas muitas qualidades vantajosas acha-se a de que ocorre em forma de gás (vapor-d’água), de líquido (água), e de sólido (gelo) — tudo no âmbito da variação de temperatura da Terra. Também, os milhares de matérias-primas que os humanos, os animais e os vegetais precisam, têm de ser transportados em forma fluida, tal como o sangue ou a seiva. A água é idealíssima para isto, uma vez que dissolve mais substâncias do que qualquer outro líquido. Sem água, não poderia prosseguir a nutrição, uma vez que os organismos vivos dependem da água para dissolver as substâncias de que se nutrem.
A água também é extraordinária pela forma em que se congela. À medida que a água contida nos lagos e nos mares se resfria, torna-se mais pesada e afunda. Isto obriga a água mais leve, e mais tépida, a subir. Todavia, à medida que a água se aproxima do ponto de congelamento, tal processo se inverte! A água mais fria então se torna mais leve e sobe. Quando se solidifica em forma de gelo, flutua. O gelo atua como insulante e impede que as águas mais profundas se congelem, protegendo assim a vida marinha. Sem tal qualidade ímpar, a cada inverno mais e mais gelo afundaria a um ponto em que os raios solares não poderiam derretê-lo no verão seguinte. Dentro em pouco, grande parte da água contida nos rios, lagos e mesmo nos oceanos se tornaria gelo compacto. A Terra se transformaria num planeta gelado que seria inóspito para a vida.
É também extraordinário o modo que as regiões bem afastadas dos rios, dos lagos e dos mares recebem a água que sustenta a vida. A cada segundo, o calor do sol transforma bilhões de litros d’água em vapor. Este vapor, mais leve do que o ar, sobe flutuando e forma nuvens no céu. As correntes de vento e de ar movimentam tais nuvens, e, sob as condições propícias, a umidade se precipita em forma de chuva. Mas, as gotas de chuva tendem a aumentar apenas até certo tamanho. Que aconteceria se isto não fosse assim, e as gotas de chuva se tornassem gigantescas? Isso seria desastroso! Em vez disso, a chuva geralmente cai no tamanho exato, e de forma branda, só em casos raros danificando até mesmo uma lâmina gramínea, ou a flor mais delicada. Que projeto majestoso e que mostra consideração é evidente na água! — Salmo 104:1, 10-14; Eclesiastes 1:7.
“O Solo Produtivo”
Um dos escritores da Bíblia descreve a Deus como “Aquele que estabeleceu firmemente o solo produtivo pela sua sabedoria”. (Jeremias 10:12) E este “solo produtivo” — o solo do planeta Terra — é impressionante. A sua constituição evidencia sabedoria. O solo possui qualidades essenciais para o crescimento vegetal. As plantas combinam os nutrientes e a água existentes no solo com o bióxido de carbono do ar, na presença da luz, para produzir alimentos. — Compare com Ezequiel 34:26, 27.
O solo contém os elementos químicos necessários à sustentação da vida humana e animal. A vegetação, porém, precisa primeiro converter tais elementos em formas assimiláveis ao corpo. Cooperam nisto diminutos organismos vivos. E muitos milhões deles podem ser encontrados numa pitadinha de solo! Possuem formatos incontavelmente diferentes, cada um trabalhando na conversão das folhas e das gramíneas mortas, e de outros resíduos, em uma forma utilizável, ou para afofar a terra, de modo que o ar e a água possam penetrar nela. Certas bactérias convertem o nitrogênio em compostos de que as plantas carecem para crescer. O solo arável é melhorado à medida que minhocas e insetos que se enfiam nele trazem continuamente à superfície partículas do subsolo.
Na verdade, devido ao emprego errôneo e outros fatores, danifica-se parte do solo. Mas, este dano não tem de ser permanente. A Terra acha-se dotada de espantosos poderes inerentes de recuperação. Pode-se notar isto nas áreas em que incêndios ou erupções vulcânicas devastaram o solo. Com o tempo, estas áreas voltam a florescer de vegetação. E, quando se controla a poluição, o solo é recuperado, até mesmo terras que foram transformadas em áridos desertos. O mais importante de tudo é que, para enfrentar o problema básico por trás da utilização errônea do solo, o Criador da Terra propôs “arruinar os que arruínam a terra”, e preservá-la como o lar eterno que Ele preparou originalmente para a humanidade. — Revelação 11:18; Isaías 45:18.
Não Foi Simplesmente o Acaso
Ao refletir sobre o precedente, eis aqui algumas coisas a ponderar: Foi o acaso não-dirigido que colocou a Terra exatamente na distância certa do sol — sua fonte de energia em forma de luz e de calor? Foi o simples acaso que fez a Terra mover-se em torno do sol exatamente com a velocidade certa, girar em torno de seu eixo a cada 24 horas, e inclinar-se exatamente no ângulo certo? Foi o acaso que forneceu à Terra uma atmosfera protetora e vitalizadora, dotada da mistura exata de gases? Foi o acaso que forneceu à Terra a água e o solo necessários para a produção de alimentos? Foi o acaso que forneceu tantas frutas, hortaliças e outros alimentos deliciosos e coloridos? Foi o acaso que fez existir tanta beleza no céu, nos montes, nos riachos e nos lagos, nas flores, nas plantas e nas árvores, e em tantas outras coisas vivas deleitosas?
Muitos concluem que tudo isto dificilmente poderia ser obra do acaso não-dirigido. Ao invés, observam a marca inequívoca de projeto ponderado, inteligente e deliberado em toda a parte. Reconhecendo isto, acham ser somente correto que os beneficiários de tudo isso ‘temam a Deus e lhe dêem glória’, porque Ele é “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”. — Revelação 14:7. Vamos ver o próximo artigo?