Pode-se confiar na Bíblia?
MUITOS encaram a Bíblia como simples livro escrito por homens sábios de priscas eras. Certo professor universitário, Gerald A. Larue, asseverou: “Os pontos de vista dos escritores, conforme expressos na Bíblia, refletem as idéias, as crenças e os conceitos correntes em suas próprias épocas e estão limitados pelo grau de conhecimento daqueles tempos.” Todavia, a Bíblia afirma ser um livro inspirado por Deus. (2 Timóteo 3:16) Caso isto seja verdade, ela certamente estaria isenta de conceitos errôneos prevalecentes na época em que suas várias partes foram escritas. Pode a Bíblia suportar o escrutínio, à luz do conhecimento atual?
Ao considerarmos esta pergunta, tenha presente que, com o progresso em conhecimento, os humanos constantemente precisam ajustar seus conceitos às novas informações e descobertas. A revista Scientific Monthly (Mensário Científico) certa vez observou: “É esperar demais que artigos escritos, em alguns casos, tão [recentemente] quanto cinco anos atrás pudessem ser agora aceitos como representando as últimas idéias nos campos da ciência a que dizem respeito.” Todavia, a Bíblia foi escrita e compilada durante um período de cerca de 1.600 anos, e foi concluída há quase 2.000 anos. Que se pode afirmar hoje sobre a exatidão dela?
A Bíblia e a Ciência
Quando a Bíblia estava sendo escrita, havia especulação sobre como a Terra era sustentada no espaço. Alguns, para exemplificar, criam que a Terra se apoiava em quatro elefantes que estavam de pé sobre grande tartaruga-marinha. Todavia, em vez de refletir os conceitos fantasiosos e anticientíficos da época em que foi escrita, a Bíblia simplesmente declarava: “[Deus] estende o norte sobre o vazio, suspende a terra sobre o nada.” (Jó 26:7) Sim, há mais de 3.000 anos a Bíblia corretamente comentava que a Terra não tinha sustentação visível, fato que se harmoniza com as leis mais recentemente entendidas da gravidade e do movimento. “Como é que Jó sabia da verdade”, comentou certo perito religioso, “é uma questão não facilmente solucionada por aqueles que negam a inspiração da Escritura Sagrada”.
A respeito do formato da Terra, The Encyclopedia Americana afirma: “A imagem mais antiga que os homens tinham da Terra era que ela era uma plataforma plana, rígida, no centro do universo. . . . O conceito de uma Terra esferóide não era amplamente aceito até a Renascença.” Alguns dos primitivos navegadores até mesmo temiam velejar a ponto de caírem da beirada da Terra plana! Daí, porém, a introdução da bússola e de outros aprimoramentos tornaram possíveis as viagens oceânicas mais extensas. Tais “viagens de descobrimento”, segundo explica outra enciclopédia, “mostraram que o mundo era redondo, e não plano como cria a maioria das pessoas”.
Todavia, muito antes de tais viagens, com efeito, há cerca de 2.700 anos, a Bíblia dizia: “Há Um que mora acima do círculo da terra, cujos moradores são como gafanhotos.” (Isaías 40:22) A palavra hebraica hhugh, traduzida “círculo”, pode também significar “esfera”, como mostram obras de referências tais como o Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon (Léxico Analítico Hebraico e Caldeu), de Davidson. Outras traduções, por conseguinte, dizem “o globo da terra” (Versão do Pontifício Instituto Bíblico, de Roma) e “a redondeza da terra”. (Matos Soares) Assim, a Bíblia não foi influenciada pelo conceito errôneo de que a Terra era plana, predominante na época em que foi escrita. Ela era exata.
Os humanos há muito observaram que os rios deságuam nos mares e oceanos, e, mesmo assim, estes não se aprofundam. Alguns criam, até se aprender que a Terra era esferoidal, que isto se dava porque igual volume de água se derramava das beiradas da Terra. Mais tarde, aprendeu-se que o sol “bombeia” bilhões de litros de água dos mares a cada segundo, em forma de vapor d’água. Isto produz nuvens que são levadas pelos ventos para áreas terrestres, onde a umidade cai em forma de chuva e neve. A água então escoa para os rios e flui de novo para os mares. Este maravilhoso ciclo, embora fosse em geral desconhecido nos tempos antigos, é mencionado na Bíblia: “Os rios correm para o mar, mas o mar nunca fica cheio. A água volta para os rios e corre outra vez para o mar.” — Eclesiastes 1:7, A Bíblia Viva.
No que tange à origem do universo, a Bíblia declara: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 1:1) Muitos cientistas, porém, consideravam isto anticientífico, asseverando que o universo não teve princípio. Entretanto, apontando informações mais recentes, o astrônomo Robert Jastrow explica: “A essência dos estranhos acontecimentos é que o Universo teve, em certo sentido, um princípio — que começou em dado instante de tempo.” Jastrow refere-se aqui à teoria, agora comumente aceita, da grande explosão, conforme indicada no Capítulo 9. Acrescenta: Agora vemos como a evidência astronômica leva a um conceito bíblico sobre a origem do mundo. Os pormenores diferem, mas os elementos essenciais no relato astronômico e nos relatos bíblicos de Gênesis são os mesmos.”6
Qual tem sido a reação a tais descobertas? “Os astrônomos acham-se curiosamente aborrecidos”, escreve Jastrow. “As reações deles fornecem interessante demonstração da resposta da mente científica — supostamente uma mente muito objetiva — quando a evidência revelada pela própria ciência leva a um conflito com os artigos de fé de nossa categoria profissional. Acontece que o cientista se comporta como o resto de nós quando nossas crenças colidem com a evidência. Ficamos irritados, fingimos que não existe tal conflito, ou o encobrimos com frases sem significado.” Mas, permanece a realidade que, ao passo que a “evidência revelada pela ciência” discordava daquilo que os cientistas há muito criam a respeito da origem do universo, ela confirmava o que há milênios foi escrito na Bíblia.
Nos dias de Noé, afirma a Bíblia, grande dilúvio cobriu as montanhas mais elevadas da Terra e destruiu toda a vida humana que estava fora da enorme arca construída por Noé. (Gênesis 7:1-24) Muitos zombam deste relato. Todavia, conchas marinhas são encontradas em elevados montes. E adicional evidência de que ocorreu um dilúvio de imensas proporções, no passado não muito distante, é o grande número de fósseis e carcaças acumuladas em jazigos glaciais de lama de paul. Observou a revista The Saturday Evening Post (Correio de Sábado à Noite): “Muitos destes animais estavam perfeitamente frescos, inteiriços e ilesos, e ainda, quer de pé, quer pelo menos ajoelhados eretos. . . . Eis um quadro realmente chocante — para o nosso modo antigo de pensar. Vastas manadas de animais enormes, bem-nutridos, não especialmente preparados para um frio extremo, pastando placidamente em prados ensolarados . . . De repente foram todos mortos, sem qualquer sinal visível de violência e antes de poderem mesmo engolir o último bocado de forragem, e depois foram congelados tão rapidamente que cada célula de seus corpos ficou perfeitamente preservada.”
Isto se enquadra no ocorrido no grande Dilúvio. A Bíblia o descreve nas seguintes palavras: “Romperam-se todos os mananciais da vasta água de profundeza e abriram-se as comportas dos céus.” A chuvarada ‘predominou grandemente sobre a terra’, sendo acompanhada, sem dúvida, de ventos gélidos das regiões polares. (Gênesis 1:6-8; 7:11, 19) Ali, a mudança de temperatura seria a mais rápida e drástica. Várias formas de vida foram assim engolfadas e preservadas na glacial lama de paul. Uma de tais pode ter sido o mamute descoberto por escavadores na Sibéria e que é visto na ilustração acompanhante. Ainda havia vegetação em sua boca e em seu estômago, e sua carne ainda era comestível, quando descongelada.
Quanto mais se examina a Bíblia, tanto mais surpreendente se torna sua notável exatidão. Conforme indicado nas páginas 36 e 37 deste livro, a Bíblia fornece os estágios da criação na mesmíssima ordem agora confirmada pela ciência, um fato difícil de explicar se a Bíblia tivesse, simplesmente, uma origem humana. Trata-se de outro exemplo dos muitos pormenores na Bíblia confirmados pelo crescente conhecimento. Com boa razão, um dos maiores cientistas de todos os tempos, Isaac Newton, disse: “Não existem ciências mais bem comprovadas do que a religião da Bíblia.”
A Bíblia e a Saúde
No decorrer dos séculos, havia grande ignorância em questões de saúde. Um médico chegou mesmo a declarar: “Ainda crêem em muitas superstições grande número de pessoas, tais como a de que uma espécie de castanha norte-americana no bolso evita o reumatismo; que tocar em sapos causa verrugas; que usar flanela vermelha em volta do pescoço cura dor de garganta” e outras. Todavia, ele exclamou: “Mas não se encontram tais declarações na Bíblia. Isto, em si, é notável.”
A Bíblia também é notável quando se comparam os arriscados tratamentos médicos utilizados no passado com o que ela diz. Por exemplo, o Papiro Ebers, documento médico dos antigos egípcios, prescreveu o emprego de excremento para tratar várias enfermidades. Mandava que se misturasse excremento humano com leite fresco e o aplicasse como cataplasma sobre as lesões que ficam depois de cair a casca. E um remédio para remover estilhaços reza: “Sangue de minhocas, cozinhe e esmague em azeite; toupeira, mate e cozinhe, e escoe em azeite; estrume de jumento, misture com leite fresco. Aplique ao orifício.” Este tratamento, como é bem sabido hoje, pode resultar em graves infecções.
Que diz a Bíblia sobre o excremento? Ela mandava: “Quando te abaixares lá fora, então tens de cavar um buraco com [um instrumento de cavar] e tens de virar-te e encobrir teu excremento.” (Deuteronômio 23:13) Assim, longe de prescrever o excremento como tratamento médico, a Bíblia mandava que se desse uma segura destinação final aos dejetos orgânicos. Até o presente século não se conhecia, em geral, o perigo de deixar o excremento exposto a moscas. Isto resultava na disseminação de doenças cujos vetores são as moscas, e na morte de muita gente. Todavia, o remédio simples sempre esteve registrado na Bíblia, e já era seguido pelos israelitas há mais de 3.000 anos.
No século passado, as equipes médicas passavam diretamente da manipulação dos mortos, na sala de dissecação, aos exames na maternidade, e nem sequer lavavam as mãos. Transferia-se assim a infecção dos mortos, e muitos outros morriam. Mesmo quando se demonstrou o valor de lavar as mãos, muitos da comunidade médica se opuseram a tais medidas higiênicas. Sem dúvida, sem que o soubessem, rejeitavam a sabedoria contida na Bíblia, uma vez que a lei que Jeová deu aos israelitas decretava que quem tocasse um cadáver tornava-se impuro e tinha de lavar-se e também lavar suas roupas. — Números 19:11-22.
Como sinal do pacto com Abraão, Jeová Deus disse: “Cada macho vosso, aos oito dias de idade, terá de ser circuncidado.” Mais tarde, este requisito foi repetido para a nação de Israel. (Gênesis 17:12; Levítico 12:2, 3) Não se deu nenhuma explicação por que o oitavo dia foi especificado, mas, hoje, nós compreendemos isso. A pesquisa médica revelou que a vitamina K, fator coagulante do sangue, só sobe a um nível apropriado nessa ocasião. Outro fator coagulante essencial, a protrombina, parece ficar mais elevada no oitavo dia do que em qualquer outro período da vida da criança. Com base nesta evidência, o dr. S. I. McMillen concluiu: “O dia perfeito para se realizar uma circuncisão é o oitavo dia.” Foi simples coincidência? De jeito nenhum. Tratava-se de conhecimento repassado por um Deus com conhecimento de causa.
Outra descoberta da ciência moderna é o grau em que a atitude mental e as emoções influem na saúde. Explica certa enciclopédia: “Desde 1940, tornou-se cada vez mais evidente que a função fisiológica dos órgãos e dos sistemas orgânicos estão intimamente vinculados ao estado mental do indivíduo e que até mesmo mudanças de tecido podem ocorrer num órgão assim atingido.” No entanto, esta íntima vinculação entre a atitude mental e a saúde física já fora há muito mencionada na Bíblia. Por exemplo, ela diz: “O coração calmo é a vida do organismo carnal, mas o ciúme é podridão para os ossos.” — Provérbios 14:30; 17:22.
A Bíblia, por conseguinte, orienta as pessoas para que evitem as emoções e atitudes prejudiciais. “Andemos decentemente”, admoesta, não “em rixa e ciúme”. Também aconselha: “Sejam tirados dentre vós toda a amargura maldosa, e ira, e furor, e brado, e linguagem ultrajante, junto com toda a maldade. Mas, tornai-vos benignos uns para com os outros, ternamente compassivos.” (Romanos 13:13; Efésios 4:31, 32) A Bíblia recomenda especialmente o amor. “Além de todas estas coisas”, diz, “revesti-vos de amor, pois é o perfeito vínculo de união”. Como o maior proponente do amor, Jesus disse a seus discípulos: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” Em seu Sermão do Monte, chegou mesmo a dizer: “Continuai a amar os vossos inimigos.” (Colossenses 3:12-15; João 13:34; Mateus 5:44) Muitos talvez zombem disto, chamando-o de fraqueza, mas eles pagam um preço. A ciência aprendeu que a falta de amor é um dos principais fatores de muitas doenças mentais e de outros problemas.
A revista médica inglesa, The Lancet (O Bisturi), certa vez comentou: “A mais significativa descoberta da ciência médica é o poder do amor de proteger e restaurar a mente.” Num teor similar, famoso especialista em stress, o dr. Hans Selye, disse: “Não é a pessoa odiada ou o chefe frustrador que contrai úlcera, hipertensão, e doença do coração. É quem odeia ou quem se permite ficar frustrado. ‘Ama o teu próximo’ é uma das recomendações médicas mais sábias que já foram dadas.”
Deveras, a sabedoria da Bíblia está muito à frente das descobertas modernas. Como o dr. James T. Fisher certa vez escreveu: “Se tomasse a totalidade dos artigos de peso que já foram escritos pelos mais habilitados psicólogos e psiquiatras sobre o assunto da higiene mental — se os combinasse e os refinasse, eliminando o excesso de verbosidade — se tomasse toda a carne e nenhuma salsa, e se conseguisse que estas porções não-adulteradas de puro conhecimento científico fossem concisamente expressas pelo mais habilidoso dos poetas vivos, teria um resumo inexpressivo e incompleto do Sermão do Monte.”
A Bíblia e a História
Depois que Darwin publicou sua teoria da evolução, o registro histórico da Bíblia ficou sob ataque generalizado. O arqueólogo Leonard Woolley explicou: “Perto do fim do século 19 surgiu uma escola extremista de críticos pronta a negar o alicerce histórico de praticamente tudo que é narrado nos mais antigos livros do Velho Testamento.” Com efeito, alguns críticos até chegaram a afirmar que a escrita não veio a ter utilização comum senão no tempo de Salomão, ou depois disso; e, assim sendo, as primitivas narrativas da Bíblia não mereciam confiança, uma vez que não foram assentadas por escrito senão séculos depois de ocorridos os eventos. Um dos exponentes desta teoria disse, em 1892: “A época de que tratam as narrativas pré-mosaicas constitui prova suficiente de seu caráter legendário. Era uma época anterior a todo o conhecimento da escrita.”
Nos tempos recentes, contudo, acumulou-se grande parcela de evidência arqueológica que mostra ser comum a escrita muito antes da época de Moisés. “Temos de sublinhar de novo”, explicou o arqueólogo William Foxwell Albright, “que a escrita alfabética hebraica era empregada em Canaã e nos distritos circunvizinhos desde a Época Patriarcal, e que a rapidez com que formas de letras mudaram constitui clara evidência de seu uso comum”. E outro destacado historiador e escavador comentou: “Parece-nos agora absurdo que alguma vez se fizesse a pergunta de se Moisés poderia ter sabido escrever.”
Vez após vez o registro histórico da Bíblia tem sido substanciado pela descoberta de novas informações. Por exemplo, o rei assírio, Sargão, por longo tempo só era conhecido através do relato da Bíblia, em Isaías 20:1. Com efeito, na primeira parte do século passado, os críticos desconsideravam esta referência bíblica a ele como não tendo nenhum valor histórico. Daí, as escavações arqueológicas produziram as ruínas do magnífico palácio de Sargão, em Corsabad, incluindo muitas inscrições relativas à regência dele. Em resultado disso, Sargão é agora um dos mais conhecidos reis assírios. O historiador israelense, Moshe Pearlman, escreveu: “Subitamente, os cépticos, que tinham duvidado da autenticidade até das partes históricas do Velho Testamento, começaram a revisar seus conceitos.”
Uma das inscrições de Sargão fala de um episódio que anteriormente só era conhecido através da Bíblia. Reza: “Eu cerquei e conquistei Samaria, levei como despojo 27.290 habitantes dela.” O relato da Bíblia sobre isto, em 2 Reis 17:6, reza: “No nono ano de Oséias, o rei da Assíria capturou Samaria e então levou Israel ao exílio.” A respeito da notável similaridade destes dois relatos, comentou Pearlman: “Aqui, então, acham-se dois relatos nos anais do conquistador e do conquistado, um quase espelhando o outro.”
Devíamos esperar, então, que os registros bíblico e secular concordassem nos mínimos detalhes? Não, como Pearlman observa: “Este tipo de idêntico ‘relatório de guerra’ de ambos os lados era incomum no Oriente Médio dos tempos antigos (e, vez por outra, o é também nos tempos modernos). Só acontecia quando os países em conflito eram Israel e um de seus vizinhos, e somente quando Israel era derrotado. Quando Israel vencia, nenhum registro do fracasso aparecia nas crônicas dos inimigos.” (Grifo acrescentado.) Não é surpresa, portanto, que os relatos assírios sobre a campanha militar contra Israel, por parte de Senaqueribe, filho de Sargão, apresentem grande omissão. E qual é?
Descobriram-se relevos murais do palácio do Rei Senaqueribe que representam cenas de sua expedição contra Israel. Também se encontraram narrativas escritas dela. Uma delas, um prisma de argila, reza: “Quanto a Ezequias, o judeu, ele não se submeteu ao meu jugo, eu sitiei 46 de suas cidades fortes, . . . A ele mesmo fiz prisioneiro em Jerusalém, sua residência real, como a um pássaro numa gaiola. . . . Reduzi o país dele, mas ainda aumentei o tributo e os presentes-katrû (devidos) a mim (como seu) suserano.” Assim, a versão de Senaqueribe coincide com a Bíblia no que diz respeito às vitórias assírias. Mas, como era de se esperar, ele deixa de mencionar seu fracasso em conquistar Jerusalém e ser ele obrigado a voltar para casa, porque 185.000 de seus soldados foram mortos em uma só noite. — 2 Reis 18:13-19:36; Isaías 36:1-37:37.
Considere o assassínio de Senaqueribe e o que recente descoberta revela. A Bíblia afirma que dois de seus filhos, Adrameleque e Sarezer, mataram Senaqueribe. (2 Reis 19:36, 37) Todavia, tanto o relato atribuído ao rei babilônio Nabonido, como o do sacerdote babilônio Beroso, do terceiro século AEC, só mencionam um filho como envolvido na matança. Qual estava certo? Comentando a descoberta mais recente de um prisma fragmentar de Esar-Hadom, o filho de Senaqueribe que o sucedeu como rei, o historiador Philip Biberfeld escreveu: “Apenas o relato da Bíblia resultou correto. Foi confirmado em todos os mínimos pormenores pela inscrição de Esar-Hadom e resultou ser mais exato no tocante a este evento da história assírio-babilônica do que as próprias fontes babilônicas. Trata-se dum fato de suma importância para a avaliação até mesmo de fontes contemporâneas que não concordem com a tradição bíblica.”
Houve época em que todas as fontes antigas conhecidas também diferiam da Bíblia no tocante a Belsazar (Baltasar). A Bíblia apresenta Belsazar como o rei de Babilônia quando ela caiu. (Daniel 5:1-31) No entanto, os escritos seculares nem sequer mencionavam Belsazar, afirmando que Nabonido era o rei naquele tempo. Assim, os críticos pretendiam que Belsazar jamais existira. Mais recentemente, contudo, descobriram-se escritos antigos que identificavam Belsazar como um dos filhos de Nabonido, e co-regente de seu pai em Babilônia. Por este motivo, evidentemente, a Bíblia diz que Belsazar ofereceu-se a tornar Daniel “o terceiro governante no reino”, uma vez que o próprio Belsazar era o segundo. (Daniel 5:16, 29) Assim, o prof. R. P. Dougherty, da univ. de Yale, ao comparar o livro bíblico de Daniel com outros escritos antigos, disse: “Pode-se interpretar como excepcional o relato bíblico, uma vez que emprega o nome Belsazar, atribui poder régio a Belsazar, e reconhece que existia uma dupla regência no reino.”
Outro exemplo de uma descoberta que confirma a historicidade de alguém mencionado na Bíblia é fornecido por Michael J. Howard, que trabalhou junto com a expedição a Cesaréia, em Israel, em 1979. “Por 1.900 anos”, escreveu, “Pilatos só existia nas páginas dos Evangelhos e nas vagas lembranças dos historiadores romanos e judeus. Quase nada se sabia sobre a vida dele. Alguns afirmavam que sequer existira. Mas, em 1961, uma expedição arqueológica italiana trabalhava nas ruínas de antigo teatro romano em Cesaréia. Um operário revirou uma pedra que tinha sido usada em uma das escadarias. No reverso havia a seguinte inscrição, parcialmente obscurecida, em latim: ‘Caesariensibus Tiberium Pontius Pilatus Praefectus Iudaeae.’ (Ao povo de Cesaréia, Tibério Pôncio Pilatos, Prefeito da Judéia.) Foi um golpe fatal nas dúvidas sobre a existência de Pilatos. . . . Pela primeira vez havia evidência epigráfica contemporânea da vida do homem que ordenara a crucificação de Cristo.” — João 19:13-16; Atos 4:27.
As descobertas modernas chegam até a substanciar pequenos pormenores dos antigos relatos bíblicos. Por exemplo, contradizendo a Bíblia, Werner Keller escreveu em 1964 que os camelos não foram domesticados numa data antiga, e, por conseguinte, a cena em que “encontramos Rebeca pela primeira vez em sua cidade natural, Naor, precisa sofrer uma mudança de cenário. Os ‘camelos’ que pertenciam ao futuro sogro dela, Abraão, aos quais ela deu água junto ao poço eram — jumentos”. (Gênesis 24:10) No entanto, em 1978, o líder militar e arqueólogo israelense, Moshe Dayan, apontou evidência de que os camelos “serviam como meio de transporte” naqueles tempos primitivos, e, assim sendo, o relato da Bíblia é exato. “Um relevo do século dezoito AC, encontrado em Byblos, na Fenícia, representa um camelo ajoelhando-se”, explicou Dayan. “E montadores de camelos aparecem em selos cilíndricos recentemente descobertos na Mesopotâmia, que pertencem ao período patriarcal.”
Avoluma-se inapelavelmente a evidência da exatidão histórica da Bíblia. Ao passo que é verdade que não se encontraram registros seculares da derrocada sofrida pelo Egito no mar Vermelho e também de outras derrotas, isto não nos deve surpreender, uma vez que não era costume dos governantes registrar suas derrotas. Todavia, descoberto nos muros do templo em Carnac, no Egito, acha-se o registro da bem-sucedida invasão de Judá pelo Faraó Sisaque durante o reinado de Roboão, filho de Salomão. A Bíblia fala sobre isto em 1 Reis 14:25, 26. Ademais, descobriu-se a versão que o Rei Mesa, moabita, apresentou de sua revolta contra Israel, estando registrada no que é conhecido como a Pedra Moabita. O relato também pode ser lido na Bíblia, em 2 Reis 3:4-27.
Os visitantes de muitos museus podem ver relevos murais, inscrições e estátuas que confirmam os relatos da Bíblia. Os reis de Judá e de Israel, tais como Ezequias, Manassés, Onri, Acabe, Peca, Menaém e Oséias, ocorrem nos registros cuneiformes dos governantes assírios. O Rei Jeú, ou um de seus emissários, é representado no Obelisco Negro de Salmaneser como pagando tributo. Restaurou-se, para ser observado hoje, o décor do palácio persa de Susã, como os personagens bíblicos Mordecai e Ester o conheciam. Os visitantes dos museus podem também ver estátuas dos antigos Césares romanos — Augusto, Tibério e Cláudio, que constam dos relatos bíblicos. (Lucas 2:1; 3:1; Atos 11:28; 18:2) Encontrou-se um denário de prata que, efetivamente, estampa a imagem de Tibério César — moeda esta que Jesus solicitou ao discutir a questão de impostos. — Mateus 22:19-21.
Um visitante moderno de Israel, familiarizado com a Bíblia, não pode deixar de ficar impressionado com o fato de que a Bíblia descreve aquela terra e seus acidentes geográficos com grande exatidão. O dr. Ze’ev Shremer, líder duma expedição geológica à península de Sinai, disse certa vez: “Temos nossos próprios mapas e planos de pesquisa geodésica, naturalmente, mas, quando há discrepância entre a Bíblia e os mapas, optamos pelo Livro.” Exemplifiquemos como alguém pode experimentar pessoalmente a história apresentada na Bíblia: Atualmente, em Jerusalém, a pessoa pode caminhar através dum túnel de 533 metros, escavado em rocha maciça, há mais de 2.700 anos. Foi escavado para proteger o suprimento de água da cidade, por transportar a água da oculta e extramural fonte de Giom, até o Reservatório de Siloé, intramural. A Bíblia explica como Ezequias mandou construir esta adutora para fornecer água à cidade, antecipando o vindouro sítio por parte de Senaqueribe. — 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:30.
Estes são apenas alguns exemplos que ilustram por que é insensato subestimar a exatidão da Bíblia. Há muitos, muitos mais. Assim, as dúvidas sobre a fidedignidade da Bíblia geralmente se respaldam, não no que ela afirma ou em evidência sólida, mas, em vez disso, em desinformação ou em ignorância. O antigo diretor do Museu Britânico, Frederic Kenyon, escreveu: “A arqueologia ainda não disse a sua última palavra; mas os resultados já conseguidos confirmam o que a fé sugeriria, que a Bíblia não pode senão lucrar com o aumento do conhecimento.” E o bem-conhecido arqueólogo Nelson Glueck disse: “Pode-se afirmar categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse uma referência bíblica. Dezenas de descobertas arqueológicas têm sido feitas, as quais confirmam em nítido esboço, ou em pormenores exatos, as declarações históricas da Bíblia.”
Honestidade e Harmonia
Outra coisa que identifica a Bíblia como provinda de Deus é a honestidade de seus escritores. É contrário à natureza humana imperfeita admitir erros ou fracassos, especialmente por escrito. A maioria dos escritores antigos só narrava seus êxitos e suas virtudes. Todavia, Moisés escreveu como ele tinha “faltado ao dever”, e, assim, ficara desqualificado para liderar a entrada de Israel na Terra Prometida. (Deuteronômio 32:50-52; Números 20:1-13) Jonas falou de sua própria inconstância. (Jonas 1:1-3; 4:1) Paulo admite seus erros anteriores. (Atos 22:19, 20; Tito 3:3) E Mateus, apóstolo de Cristo, relatou que os apóstolos por vezes mostravam pouca fé, buscavam destaque e até mesmo abandonaram Jesus quando este foi preso. — Mateus 17:18-20; 18:1-6; 20:20-28; 26:56.
Se os escritores da Bíblia quisessem falsificar algo, não seriam as informações desfavoráveis sobre eles mesmos? Não é provável que revelassem suas próprias fraquezas e então fizessem falsas afirmações sobre outras coisas, não é mesmo? Assim, então, a honestidade dos escritores da Bíblia aumenta o peso de sua afirmação de que Deus os guiava, à medida que escreviam. — 2 Timóteo 3:16.
A harmonia interna em torno dum tema central também testifica sobre a Autoria Divina da Bíblia. É fácil declarar que os 66 livros da Bíblia foram escritos por um período de 16 séculos por cerca de 40 escritores diferentes. Mas, pense só em quão notável é este fato! Digamos que a escrita de certo livro começasse na época do Império Romano, que a escrita prosseguisse no período das monarquias e até as modernas repúblicas, e que os escritores fossem pessoas tão diferentes como soldados, reis, sacerdotes, pescadores, e até um pastor, bem como um médico. Esperaria que cada parte desse livro seguisse o mesmo tema preciso? Todavia, a Bíblia foi escrita por um período similar de tempo, sob vários regimes políticos, e por homens de todas essas categorias. E constitui um todo harmonioso. Sua mensagem básica possui o mesmo impulso, do começo ao fim. Não aumenta isso o peso da afirmação da Bíblia de que tais “homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo”? — 2 Pedro 1:20, 21.
Pode-se confiar na Bíblia? Se deveras examinar o que ela diz, e não aceitar simplesmente o que certas pessoas afirmam que ela diz, comprovará ter motivos para confiar nela. Todavia, existe evidência ainda mais forte de que a Bíblia foi deveras inspirada por Deus, que é o assunto do próximo artigo.