O surpreendente projeto das coisas vivas
QUANDO os antropólogos realizam escavações e encontram um pedaço triangular de pederneira afiada, concluem que deve ter sido projetado por alguém para ser a ponta duma flecha. Tais coisas projetadas para uma finalidade — concordam os cientistas — não poderiam ser fruto do acaso.
Quando se trata de coisas vivas, contudo, não raro se relega esta mesma lógica. Não se reputa necessário um projetista. Mas, o organismo unicelular mais simples, ou apenas o ADN de seu código genético, é muito mais complexo do que uma lasca de pederneira. Todavia, os evolucionistas insistem que estas coisas vivas não tiveram projetista, mas foram modeladas por uma série de acontecimentos ocasionais.
No entanto, Darwin reconheceu a necessidade de alguma força projetista e atribuiu tal tarefa à seleção natural. “A seleção natural”, disse, “procura a cada instante e em todo o mundo, as variações mais sutis; repele as que são nocivas, conserva e acumula as que são úteis”. Este conceito, todavia, está perdendo crédito, atualmente.
Stephen Gould informa que muitos evolucionistas contemporâneos afirmam agora que a mudança substancial “pode não estar sujeita à seleção natural e pode espalhar-se pelas populações ao acaso”. Gordon Taylor concorda: “A seleção natural explica pequena parte do que acontece: o grosso continua sem explicação.” O geólogo David Raup afirma: “Uma alternativa de importância corrente para a seleção natural tem que ver com os efeitos do puro acaso.” Mas, será o “puro acaso” um projetista? Será capaz de produzir as complexidades que constituem o tecido da vida?
O zoólogo Richard Lewontin disse que os organismos “parecem ter sido projetados de forma cuidadosa e engenhosa”. Ele os considera “a principal evidência de um Projetista Supremo”. Será útil considerarmos algumas de tais evidências.
Coisas Pequenas
Comecemos com as menores coisas vivas: os organismos unicelulares. Certo biólogo afirmou que os animais unicelulares podem “apanhar alimentos, digeri-los, livrar-se dos resíduos, mover-se de uma parte para outra, construir casas, empenhar-se em atividades sexuais” e “sem nenhum tecido, nenhum órgão, nenhum coração e nenhuma mente — realmente têm tudo que nós temos”.
As diatomáceas [cortadas em dois], organismos unicelulares, extraem silício e oxigênio da água do mar e fabricam vidro, com o que constroem diminutas “caixinhas de pílulas” [frústulas], para conter sua clorofila verde. Certo cientista as exalta tanto por sua importância como por sua beleza: “Estas folhas verdes contidas em porta-jóias constituem pastagens para nove décimos do alimento de tudo que existe nos mares.” Grande parte de seu valor nutritivo repousa no óleo fabricado pelas diatomáceas, que também as ajuda a ficar flutuando próximo da superfície, onde sua clorofila pode tomar um banho de sol.
Seus lindos envoltórios silicosos [frústulas], conta-nos este mesmo cientista, existem em uma “estonteante variedade de formas — cilíndricas, quadrangulares, fusiformes, triangulares, ovais, retangulares — sempre adornados primorosamente por gravuras geométricas. Estas são filigranadas em puro vidro, com tamanha perícia, que um cabelo humano teria de ser cortado ao comprido em quatrocentos pedacinhos para caber entre as marcas.”
Certo grupo de animais oceânicos, chamados radiolários [pequenos raios], fabricam vidro e, com ele, constroem “broches de vidro, dotados de longas e finas espículas transparentes que irradiam da esfera central de cristal”. Ou, “pontaletes de vidro são dispostos em forma hexagonal e utilizados para fabricar simples abóbadas geodésicas”. A respeito de certo construtor microscópico, diz-se: “Uma abóbada geodésica não basta para este superarquiteto; tem de ter três abóbadas de vidro trabalhadas em relevo, como renda, uma dentro da outra.” Não há palavras que possam descrever estes maravilhosos projetos — é preciso usar gravuras para isso.
As esponjas se compõem de milhões de células, mas apenas de poucas espécies diferentes. Explica um compêndio universitário: “As células não estão organizadas em tecidos ou órgãos, todavia, existe uma forma de reconhecimento entre as células que as conserva juntas e as organiza.” Caso se esmague uma esponja por coá-la num pano, e ela se separe em seus milhões de células, estas células voltam a unir-se e reconstroem a esponja. As esponjas constroem esqueletos silicosos belíssimos. Uma das mais surpreendentes é a Euplectella (cesta-de-flores-de-Vênus), em forma de cornucópia.
Sobre ela, um cientista diz: “Ao contemplarmos o complexo esqueleto da esponja, tal como o composto de espículas silicosas, que é conhecido como [Euplectella], nossa imaginação fica aturdida. Como poderiam células microscópicas quase independentes colaborar na secreção de um milhão de espículas silicosas e dispô-las em tão intricada e linda rede? Não sabemos.” Mas, uma coisa sabemos: O acaso não é seu provável projetista.
Associação
Existem muitos casos em que dois organismos parecem ter sido projetados para viver juntos. Estas associações são exemplos de simbiose (vida em comum). Certos figos e vespas precisam uns dos outros para reproduzir-se. As térmites comem madeira, mas precisam de protozoários em seu corpo para digeri-la. Similarmente, as vacas, cabras e camelos não poderiam digerir a celulose existente na grama sem a ajuda de bactérias e protozoários que vivem em seu interior. Certo informe declara: “A parte do estômago duma vaca em que ocorre a digestão tem um volume de cerca de 95 litros — e contém 10 bilhões de microorganismos em cada gota.” As algas e os fungos se associam e se tornam liquens [ou, líquenes]. Apenas então podem crescer em rochas desnudas para começar a transformar rochas em solo.
As formigas picantes vivem nos espinhos ocos das acácias. Mantêm afastados os insetos folífagos e cortam e matam trepadeiras que tentam subir pela árvore. Por sua vez, a árvore segrega um fluido açucarado que as formigas muito apreciam, e também produz pequeno fruto falso, que serve de alimento das formigas. Será que foi a formiga que protegeu primeiro a árvore e então a árvore a retribuiu com frutos? Ou será que foi a árvore que produziu frutos para a formiga, e a formiga então, agradecida, deu-lhe proteção? Ou será que tudo isso aconteceu de uma só vez por acaso?
Entre os insetos e as flores existem muitos casos de tal cooperação. Os insetos polinizam as flores, e, em troca, as flores alimentam os insetos de pólen e de néctar. Algumas flores produzem dois tipos de pólen. Um fecunda as sementes, o outro é estéril, mas alimenta os insetos visitantes. Muitas flores dispõem de marcas e odores especiais para guiar os insetos ao néctar. A caminho, os insetos polinizam a flor. Algumas flores possuem um mecanismo de disparo. Quando os insetos tocam no disparo, são atingidos pelas anteras que contêm o pólen.
À guisa de exemplo, as aristoloquiáceas (Dutchman’s pipe; tipo de jarrinha) não podem polinizar-se sozinhas, mas precisam de insetos para trazer o pólen de outra flor. A planta possui uma folha tubular que envolve sua própria flor, e esta folha é revestida de cera. Os insetos, atraídos pelo odor da flor, pousam na folha e descem pelo escorrega ceráceo para uma câmara no fundo. Ali, estigmas maduros recebem o pólen que os insetos trouxeram, e dá-se a polinização. Mas, por mais três dias, os insetos ficam enredados ali pelos pêlos e escorregas ceráceos. Depois disso, o próprio pólen da flor amadurece e empoeira os insetos. Somente então os pêlos murcham, e os escorregas ceráceos se inclinam até ficarem no nível. Os insetos saem andando e, com seu novo suprimento de pólen, voam para outra flor Dutchman’s pipe para polinizá-la. Os insetos não se importam com esta visita de três dias, uma vez que se refestelam de néctar ali estocado para eles. Será que tudo isto aconteceu por acaso? Ou aconteceu por projeto inteligente?
Alguns tipos de orquídeas do gênero Ophrys (Ofrídeas) têm, em suas pétalas, uma figura da fêmea da vespa, com olhos, antenas, asas e tudo. Até mesmo exala o cheiro duma fêmea em estágio de acasalamento! O macho vem acasalar-se, mas apenas poliniza a flor. Outra orquídea, do gênero Coryanthes (Coriante) possui um néctar fermentado que faz com que a abelha fique com pés vacilantes; ela escorrega num cálice de líquido e a única forma de sair é contorcer-se sob um estigma que enche a abelha de pólen.
“Fábricas” da Natureza
As folhas verdes das plantas alimentam o mundo, direta ou indiretamente. Mas, não podem operar sem o auxílio de diminutas raízes. Milhões de radículas — cada ponta de raiz dispondo de uma calota protetora, cada calota sendo lubrificada com óleo — abrem caminho através do solo. Filamentos radiculares atrás da calota oleosa absorvem a água e os minerais, que percorrem diminutos tubos no lenho seivoso que levam às folhas. Nas folhas, fabricam-se açúcares e aminoácidos, e estes nutrientes são enviados a toda a árvore e às raízes.
Certas características do sistema circulatório das árvores e das plantas são tão surpreendentes que muitos cientistas as consideram quase que milagrosas. Primeiro, como é bombeada a água a 60 ou 90 metros acima do solo? A pressão radicular a faz iniciar sua trajetória, mas, no tronco, outro mecanismo passa a atuar. As moléculas de água se mantêm coesas. Graças a tal coesão, à medida que a água evapora das folhas, as diminutas colunas de água são puxadas como cordas — cordas que vão das raízes às folhas, e se movem a até 60 metros horários. Este sistema, segundo se afirma, poderia elevar a água numa árvore que tivesse 3.200 metros de altura! À medida que a água em excesso evapora das folhas (o que se chama de transpiração), bilhões de toneladas de água são recicladas para o ar, a fim de cair mais uma vez em forma de chuva — um sistema perfeitamente projetado!
Ainda há mais. As folhas precisam de nitratos ou de nitritos do solo para fabricar os aminoácidos vitais. Certas quantidades são colocadas no solo pelos relâmpagos e por certas bactérias livres. Compostos nitrogenados em quantidades adequadas são também formados por leguminosas — plantas tais como ervilha, trevo, feijão e alfafa. Certas bactérias penetram em suas raízes, e as raízes suprem carboidratos às bactérias, daí as bactérias transformam, ou fixam, o nitrogênio do solo em nitratos e nitritos utilizáveis, produzindo anualmente cerca de 222 quilos por hectare.
Ainda há outras coisas. As folhas verdes obtêm energia do sol, o bióxido de carbono do ar e água das raízes das plantas para fabricar açúcar e liberar oxigênio. Este processo é chamado de fotossíntese e ocorre em corpúsculos celulares chamados cloroplastos — tão diminutos que 400.000 deles podem caber dentro do ponto no fim desta frase. Os cientistas não compreendem plenamente este processo. “Há cerca de setenta reações químicas distintas envolvidas na fotossíntese”, afirmou certo biólogo. “Trata-se verdadeiramente de um acontecimento milagroso.” As plantas verdes têm sido chamadas de “fábricas” da natureza — lindas, silenciosas, não-poluidoras, produzindo oxigênio, reciclando a água e alimentando o mundo. Surgiram simplesmente por acaso? É isso realmente algo crível?
Alguns dos mais famosos cientistas do mundo acham isso difícil de crer. Vêem a inteligência no mundo natural. O físico Robert A. Millikan, Prêmio Nobel, embora crente na evolução, disse realmente numa reunião promovida pela Sociedade Americana de Física: “Há uma Divindade que molda as nossas finalidades . . . Uma filosofia puramente materialista é, para mim, o cúmulo da falta de inteligência. Os homens sábios de todas as eras têm sempre visto o suficiente para, ao menos, torná-los reverentes.” Em seu discurso, ele citou as palavras notáveis de Albert Einstein, em que Einstein disse que ele tentava “compreender humildemente nem que seja uma infinitésima parte da inteligência manifesta na natureza”.
Estamos cercados pela evidência de design ou projeto, em infindável variedade e estupenda complexidade, o que indica uma inteligência superior. Tal conclusão é também expressa na Bíblia, onde se atribui o projeto a um Criador cujas “qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade, de modo que eles são inescusáveis”. — Romanos 1:20.
Havendo tanta evidência de projeto na vida ao nosso redor, parece mesmo “inescusável” afirmar que o acaso não-dirigido acha-se por trás dela. Assim sendo, certamente não é desarrazoado o salmista atribuir o crédito a um Criador inteligente: “Quantos são os teus trabalhos, ó Jeová! A todos eles fizeste em sabedoria. A terra está cheia das tuas produções. Quanto a este mar, tão grande e largo, há ali inúmeras coisas que se movem, criaturas viventes, tanto pequenas como grandes.” — Salmo 104:24, 25. Continuemos com os artigos!