Poderia a vida ser obra do acaso?
QUANDO Charles Darwin propôs sua teoria da evolução, admitiu que a vida poderia ‘ter sido atribuída primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só’. Mas a hodierna teoria evolucionista elimina, em geral, qualquer referência a um Criador. Antes, reviveu-se, de forma um tanto alterada, a teoria da geração espontânea da vida, outrora repudiada.
Pode-se remontar a muitos séculos a crença numa forma de geração espontânea. No século 17 EC, até respeitados homens de ciência, incluindo Francis Bacon e William Harvey, aceitavam essa teoria. Não obstante, por volta do século 19, Luís Pasteur e outros cientistas aparentemente lhe ministraram um golpe mortal, provando, mediante experiências, que a vida somente provém de outra vida prévia. Entretanto, por necessidade, a teoria evolucionista presume que, há muito tempo e de algum modo, a vida microscópica deve ter surgido espontaneamente de matéria abiótica, ou sem vida.
Nova Forma de Geração Espontânea
Uma posição evolucionista corrente sobre o ponto inicial da vida é resumida no livro The Selfish Gene (O Gene Egoísta), de Richard Dawkins. Especula que, no princípio, a Terra tinha uma atmosfera composta de bióxido de carbono, metano, amônia e água. Com a energia suprida pela luz solar, e talvez por relâmpagos e vulcões em erupção, estes compostos simples se separaram e então se recombinaram em aminoácidos. Acumulou-se gradualmente no mar uma variedade destes, e se aglomeraram para formar compostos semelhantes a proteínas. Por fim, afirma ele, o oceano tornou-se um “caldo orgânico” mas ainda sem vida.
Então, segundo a descrição de Dawkins, “uma molécula especialmente notável foi formada de modo acidental” — molécula esta que tinha a capacidade de reproduzir-se. Embora admitindo ser extremamente improvável tal acidente, ele sustenta que deve ter, mesmo assim, acontecido. Moléculas similares se juntaram num grumo, e então, mais uma vez, graças a um acidente extremamente improvável, criaram uma barreira protetora de outras moléculas protéicas em torno de si como membrana. Assim, afirma-se, a primeira célula viva gerou a si mesma.
Neste ponto, um leitor talvez comece a entender o comentário de Dawkins no prefácio de seu livro: “Este livro deve ser lido quase como se fosse ficção científica.” Mas os leitores do assunto verificarão que este seu enfoque não é ímpar. A maioria dos outros livros sobre a evolução também só abrange de leve o desconcertante problema de explicar como a vida surgiria de matéria abiótica. Assim, o prof. William Thorpe, do departamento de zoologia da universidade de Cambridge, disse aos seus colegas cientistas: “Todas as especulações e discussões superficiais publicadas nos últimos dez a quinze anos, que explicam o modo de origem da vida, têm-se provado simplórias demais e são de muito pouco peso. O problema, efetivamente, parece estar tão longe de ser solucionado como sempre esteve.”
A recente explosão de conhecimento só tem servido para ampliar o abismo entre as coisas sem vida e as vivas. Até os mais antigos organismos unicelulares conhecidos provam-se incompreensivelmente complexos. “O problema da biologia é alcançar um princípio simples”, afirmam os astrônomos Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe. “Os restos fósseis de antigas formas de vida descobertos nas rochas não revelam um princípio simples. . . . assim, a teoria evolucionista carece dum alicerce correto.” E, à medida que se obtêm mais informações, torna-se cada vez mais difícil explicar como as formas microscópicas de vida, tão incrivelmente complexas, poderiam ter surgido por acaso.
Os principais passos para se chegar à origem da vida, conforme divisados pela teoria evolucionista, são: (1) a existência da apropriada atmosfera primitiva, e (2) a concentração, nos oceanos, dum caldo orgânico (ou sopa orgânica) de moléculas “simples”, necessárias à vida. (3) Destas provêm as proteínas e os nucleotídeos (compostos químicos complexos) que (4) se combinam e adquirem uma membrana, e depois disso, (5) desenvolvem um código genético e começam a fazer cópias de si mesmos. Estão estes passos de acordo com os fatos disponíveis?
A Atmosfera Primitiva
Em 1953, Stanley Miller fez passar uma faísca elétrica por uma “atmosfera” de hidrogênio, metano, amônia e vapor d’água. Isto produziu alguns dos muitos aminoácidos existentes, e que constituem os blocos de construção das proteínas. No entanto, só conseguiu 4 dos 20 aminoácidos necessários para que exista vida. Mais de 30 anos depois, os cientistas ainda não haviam conseguido produzir, experimentalmente, todos os 20 aminoácidos necessários, sob condições que poderiam ser consideradas plausíveis.
Miller presumiu que a atmosfera primitiva da Terra era similar à de seu balão de ensaio experimental. Por quê? Porque, como ele mesmo e um colaborador disseram posteriormente: “A síntese dos compostos de interesse biológico só ocorre sob redução [ausência de oxigênio livre na atmosfera].” Todavia, outros evolucionistas teorizam que havia a presença de oxigênio. Hitching expressa o dilema que isto cria para a evolução: “Havendo oxigênio no ar, o primeiro aminoácido jamais teria começado; sem oxigênio, ele teria sido extirpado pelos raios cósmicos.”
A realidade é: Qualquer tentativa de estabelecer a natureza da atmosfera primitiva da Terra só pode basear-se em adivinhação ou em suposição. Ninguém sabe com certeza como ela era.
Formar-se-ia um “Caldo Orgânico”?
Quão provável é que os aminoácidos — que se julga se formaram na atmosfera — baixassem e formassem um “caldo orgânico” nos oceanos? Não há probabilidade alguma. A mesma energia que dividiria os compostos simples na atmosfera, decomporia, com ainda maior rapidez, quaisquer aminoácidos complexos que se formassem. É interessante que Miller, em sua experiência de fazer passar uma faísca elétrica por uma “atmosfera”, só poupou os quatro aminoácidos obtidos porque os removeu da área da faísca. Caso os tivesse deixado ali, a faísca os teria decomposto.
Entretanto, caso se presuma que os aminoácidos atingiram de algum modo os oceanos e foram protegidos da destrutiva radiação ultravioleta na atmosfera, que se daria? Hitching explicou: “Abaixo da superfície da água não haveria suficiente energia para provocar outras reações químicas; a água, em qualquer caso, inibe o crescimento de moléculas mais complexas.”
Assim, uma vez na água, os aminoácidos precisam sair dela, se hão de formar moléculas maiores e evoluir no sentido de se tornarem proteínas úteis para a formação da vida. Mas, uma vez saiam da água, expõem-se de novo à destrutiva luz ultravioleta! “Em outras palavras”, afirma Hitching, “são proibitivas as chances teóricas de passarem até mesmo por este primeiro e relativamente fácil estágio [da obtenção de aminoácidos] na evolução da vida”.
Embora se assevere comumente que a vida surgiu de forma espontânea nos oceanos, as massas aquosas simplesmente não favorecem as combinações químicas necessárias. Explica o químico Richard Dickerson: “Por conseguinte, é difícil de ver como a polimerização [a reunião de moléculas menores para formar outras maiores] poderia ter ocorrido no ambiente aquoso do oceano primevo, uma vez que a presença da água favorece a depolimerização [desintegração das moléculas maiores em moléculas mais simples], em vez de a polimerização.” O bioquímico George Wald concorda com este conceito, declarando: “A desagregação é muito mais provável, atuando, por isso, muito mais rapidamente que a síntese espontânea.” Isto significa que não haveria acúmulo de caldo orgânico! Wald crê ser este “o mais sério problema que nos defronta (i.e., aos evolucionistas)”.
Existe, porém, outro problema sério que confronta a teoria da evolução. Lembre-se, há mais de 100 aminoácidos, mas somente 20 são necessários para as proteínas da vida. Ademais, eles ocorrem em dois formatos: Algumas moléculas são “destras” e outras são “canhotas”. Se tivessem sido formadas ao acaso, como se dá na teoria do caldo orgânico, é muitíssimo provável que a metade fosse destra e a outra metade canhota. E não existe razão conhecida para que qualquer destes formatos fosse preferível nas coisas vivas. Todavia, dentre os 20 aminoácidos utilizados na produção das proteínas da vida, todos são canhotos!
Como é que, por obra do acaso, apenas as espécies especificamente necessárias se uniriam no caldo? O físico J. D. Bernal reconhece: “É preciso admitir que tal explanação . . . ainda continua sendo uma das partes mais difíceis de explicar quanto aos aspectos estruturais da vida.” Concluiu: “Talvez jamais consigamos explicá-lo.”
A Probabilidade das Proteínas Espontâneas
Que probabilidade existe de que os aminoácidos corretos se juntassem para formar uma molécula de proteína? Poder-se-ia assemelhar isto a uma grande pilha, completamente misturada, contendo iguais números de feijões avermelhados e brancos. Existem, também, mais de 100 variedades diferentes de feijões. Agora, se enfiasse uma pá nesta pilha, o que acha que obteria? Para obter os feijões que representam os componentes básicos duma proteína, teria de pegar apenas os avermelhados — nenhum branco! Também, sua pá teria de conter apenas 20 variedades dos feijões avermelhados, e cada uma delas tinha de estar num lugar específico, pré-designado, na pá. No mundo das proteínas, um único erro em qualquer desses requisitos faria com que a proteína produzida deixasse de operar adequadamente. Será que por mais que se sacudisse e enfiasse a pá em sua hipotética pilha de feijões lhe daria a combinação certa? Não. Então, como isso seria possível no hipotético caldo orgânico?
As proteínas necessárias para a vida possuem moléculas muitíssimo complexas. Qual é a probabilidade de até mesmo uma molécula simples de proteína se formar ao acaso num caldo orgânico? Os evolucionistas reconhecem que é de apenas uma em 10113 (1 seguido de 113 zeros). Mas qualquer acontecimento que tenha uma probabilidade em apenas 1050 é rejeitado pelos matemáticos como jamais ocorrendo. Tem-se uma idéia das probabilidades envolvidas no fato de que o número 10113 é maior do que o total estimado de todos os átomos no universo!
Há proteínas que servem como material estrutural, e outras como enzimas. Estas últimas aceleram as necessárias reações químicas na célula. Sem tal ajuda, a célula morreria. Não se trata de pequeno número, mas 2.000 proteínas enzimáticas são necessárias às atividades da célula. Quais são as probabilidades de se obter todas elas por obra do acaso? Uma probabilidade em 1040.000! “Uma probabilidade extraordinariamente pequena”, assevera Hoyle, “com a qual não se depararia, mesmo se o inteiro universo consistisse em caldo orgânico”. Acrescenta ele: “Se a pessoa não for preconcebida, seja por crenças sociais, seja por determinado preparo científico, a ter convicção de que a vida se originou [espontaneamente] na Terra, este simples cálculo torna improcedente toda esta idéia.”
No entanto, as probabilidades realmente são muito menores do que o indicado por este número ‘extraordinariamente pequeno’. Tem de haver uma membrana que envolva a célula. Mas, tal membrana é extremamente complexa, sendo constituída de moléculas de proteína, de açúcar e de gordura. Como escreve o evolucionista Leslie Orgel: “As membranas da célula moderna incluem canais e bombas que controlam de forma específica o influxo e o efluxo de nutrientes, de produtos residuais, de íons metálicos, etc. Estes canais especializados envolvem proteínas de alta especificidade, moléculas que não poderiam estar presentes bem no princípio da evolução da vida.”
O Notável Código Genético
Mais difíceis de obter do que estes são os nucleotídeos, as unidades estruturais do ADN (ou DNA) — que inclui o código genético. No ADN estão envolvidas cinco histonas (julga-se que as histonas estão envolvidas em determinar a atividade dos genes). A probabilidade de se formar mesmo a mais simples destas histonas é — segundo se afirma — de uma em 20100 — outro número enorme, “maior do que o total de todos os átomos que há em todas as estrelas e galáxias visíveis através dos maiores telescópios astronômicos”.
Todavia, maiores dificuldades para a teoria evolucionista envolvem a origem do código genético completo — condição sine qua non para a reprodução celular. Desponta o antigo dilema do ‘ovo ou a galinha’, relativo às proteínas e ao ADN. Afirma Hitching: “As proteínas dependem do ADN para se formarem. Mas o ADN não pode formar-se sem a proteína preexistente.” Isto nos deixa o paradoxo suscitado por Dickerson: “O que surgiu primeiro”, a proteína ou o ADN? Ele assevera: “A resposta tem de ser: ‘Eles se desenvolveram de forma paralela.’” Com efeito, afirma que ‘a galinha’ e ‘o ovo’ devem ter evoluído simultaneamente, nenhum dos dois provindo do outro. Parece-lhe isto razoável? Um escritor científico resume-o do seguinte modo: “A origem do código genético apresenta um problema maciço do ‘ovo ou a galinha’, que continua, na atualidade, completamente mexido [confuso].”
O químico Dickerson também teceu o seguinte comentário interessante: “A evolução do mecanismo genético é o passo para o qual não existem modelos de laboratório; assim sendo, a pessoa pode especular infindavelmente, sem se importar com fatos inconvenientes.” Mas será bom procedimento científico pôr de lado com tanta facilidade as avalanchas de “fatos inconvenientes”? Leslie Orgel chama a existência do código genético de “o aspecto mais atordoante do problema sobre as origens da vida”. E Francis Crick concluiu: “Apesar de o código genético ser quase que universal, o mecanismo necessário para incorporá-lo é complexo demais para ter surgido de um só golpe.”
A teoria evolucionista tenta eliminar a necessidade de o impossível realizar-se “de um só golpe” por esposar um processo gradualista em que a seleção natural poderia efetuar gradualmente seu trabalho. No entanto, sem o código genético para iniciar a reprodução não pode haver matéria alguma para escolha por parte da seleção natural.
A Surpreendente Fotossíntese
Surge então um obstáculo adicional para a teoria evolucionista. Em algum ponto, a célula primitiva teve de inventar algo que revolucionou a vida na Terra — a fotossíntese. Os cientistas ainda não entendem completamente este processo, mediante o qual as plantas absorvem bióxido de carbono e liberam oxigênio. Trata-se, conforme declara o biólogo F. W. Went, de “um processo que ninguém até agora conseguiu reproduzir num tubo de ensaio”. Todavia, imagina-se que uma pequenina célula simples, por acaso, deu origem a ele.
Este processo de fotossíntese transformou uma atmosfera sem nenhum oxigênio livre em uma em que, de cada cinco moléculas, uma é de oxigênio. Em resultado disso, os animais puderam respirar oxigênio e viver, e foi possível a formação de uma camada de ozônio para proteger toda a vida dos efeitos prejudiciais da radiação ultravioleta. Poderia esta notável gama de circunstâncias ser atribuída ao acaso fortuito?
Está Envolvida a Inteligência?
Quando confrontados com as astronômicas probabilidades opostas à formação de uma célula viva por acaso, alguns evolucionistas se sentem forçados a recuar. À guisa de exemplo, os autores (Hoyle e Wickramasinghe) de Evolution From Space (A Evolução Proveniente do Espaço) dão de ombros, afirmando: “Estas questões são complexas demais para serem expressas por números.” Acrescentam: “Não há forma . . . pela qual possamos simplesmente arranjar-nos com um maior e melhor caldo orgânico, como nós mesmos supúnhamos ser possível há um ano ou dois. Os números que calculamos acima são essencialmente tão impossíveis de deparar, tanto no caso de um caldo universal como no de um terrestre.”
Isto posto, depois de reconhecer que a inteligência deve estar, de alguma forma, envolvida no processo de produção da vida, os autores prosseguem: “Deveras, tal teoria é tão óbvia que a pessoa fica imaginando por que não goza de aceitação ampla, por ser evidente por si mesma. As razões são psicológicas, em vez de científicas.” Assim, um observador poderia concluir que uma barreira “psicológica” é a única explicação plausível quanto aos motivos pelos quais a maioria dos evolucionistas se apega à proposição de a vida ter-se originado pelo acaso, e rejeita qualquer “projeto, ou propósito ou direção”, conforme Dawkins o expressou. Deveras, até Hoyle e Wickramasinghe, depois de reconhecerem a necessidade da inteligência, afirmam não crer que um Criador pessoal seja responsável pela origem da vida. No seu modo de pensar, a inteligência é obrigatória, mas um Criador é inaceitável. Acha isso contraditório?
É Científico?
Para que o início espontâneo da vida seja aceito como fato científico, devia ser confirmado pelo método científico. Este tem sido descrito da seguinte forma: Observe o que acontece; baseado em tais observações, formule uma teoria quanto ao que pode ser verídico; teste a teoria por meio de observações adicionais e por experiências; e observe se se cumprem as predições baseadas na teoria.
Na tentativa de aplicar o método científico, não tem sido possível observar a geração espontânea da vida. Não existe evidência de que ocorre agora, e, naturalmente, nenhum observador humano estava lá quando os evolucionistas afirmam que aconteceu. Não se tem comprovado, pela observação, nenhuma teoria a respeito dela. As experiências de laboratório têm falhado em repeti-la. Não se têm cumprido as predições baseadas nessa teoria. Verificando-se tal impossibilidade de se aplicar o método científico, será ciência honesta elevar tal teoria ao nível factual?
Por outro lado, existe ampla evidência em apoio da conclusão de que não é possível a geração espontânea da vida a partir de matéria abiótica. “Basta considerar a magnitude desta tarefa”, reconhece o prof. Wald, da universidade de Harvard, “para admitir ser impossível a geração espontânea de um organismo [vivo]”. Mas em que crê realmente este proponente da evolução? Ele responde: “Creio eu, entretanto, que aqui estamos nós em virtude da geração espontânea.” Parece-lhe isto ciência objetiva?
O biólogo inglês Joseph Henry Woodger caracterizou tal raciocínio como “simples dogmatismo assertar [asseverar] que o que se quer crer haja realmente acontecido”. Como é que os cientistas vieram a aceitar, em sua própria mente, esta aparente violação do método científico? O bem-conhecido evolucionista Loren Eiseley admitiu: “Após censurar o teólogo pela sua confiança no mito e no milagre, a Ciência viu-se na posição, que nada tinha de invejável, de ter de criar uma sua mitologia, isto é, de ter de assumir que aquilo que, após longo esforço, não podia ser provado tivesse acontecido hoje, se verificara, realmente, no passado primevo.”
Com base na evidência, a teoria da geração espontânea da vida parece enquadrar-se melhor no domínio da ficção científica do que no dos fatos científicos. Muitos apoiadores dela, pelo visto, relegaram o método científico em tais assuntos, de modo a crer naquilo em que desejam crer. Apesar das sobrepujantes probabilidades contrárias a ser a vida obra do acaso, prevalece obstinado dogmatismo, em vez da cautela normalmente característica do método científico.
Nem Todos os Cientistas a Aceitam
Nem todos os cientistas, porém, descartam a alternativa. Por exemplo, o físico H. S. Lipson, compreendendo as probabilidades contrárias à origem espontânea da vida, disse: “A única explicação aceitável é a criação. Sei que isto é anátema para os físicos, como deveras é para mim, mas não devemos rejeitar uma teoria da qual não gostamos, se a evidência experimental a apóia.” Observou ademais que, depois do livro de Darwin, A Origem das Espécies, “a evolução, em certo sentido, tornou-se uma religião científica; quase todos os cientistas a aceitaram e muitos estão dispostos a ‘moldar’ suas observações para que se ajustem a ela”. Um comentário lamentável, porém verídico.
Chandra Wickramasinghe, professor da “University College”, de Cardiff, Grã-Bretanha, disse: “Desde o início de minha formação como cientista, sofri forte lavagem cerebral para crer que a ciência não pode ser coerente com qualquer tipo de criação deliberada. Tal noção teve de ser mui dolorosamente posta de lado. Sinto-me bastante desconfortável com a situação, com o estado mental em que agora me encontro. Mas, não existe nenhuma saída lógica. . . . Para que a vida pudesse ter sido um acidente químico na Terra, seria como procurar determinado grão de areia em todas as praias de todos os planetas no universo — e encontrá-lo.” Em outras palavras, simplesmente não é possível que a vida se tenha originado dum acidente químico. Assim, Wickramasinghe conclui: “Não há outro meio de podermos entender a ordem precisa das substâncias químicas da vida, exceto invocar as criações numa escala cósmica.”
36 Como disse o astrônomo Robert Jastrow: “Os cientistas não têm prova de que a vida não foi o resultado de um ato de criação.”
Todavia, mesmo presumindo que uma primeira célula viva tenha surgido de alguma forma espontânea, existe evidência de que ela evoluiu em todas as criaturas que já viveram na Terra? Os fósseis fornecem a resposta, e o próximo artigo considera o que realmente dizem os fósseis.