Um antigo registro da criação — pode-se confiar?
Um antigo registro da criação — pode-se confiar?

Um antigo registro da criação — pode-se confiar nele?

“QUEM pode dizer de onde veio tudo isso, e como aconteceu a criação?” Esta pergunta é feita no poema “O Cântico da Criação”. Composto em sânscrito há mais de 3.000 anos, faz parte do Rig-Veda, um livro sagrado hindu. O poeta duvidava de que até mesmo os muitos deuses hindus soubessem “como aconteceu a criação”, pois “os próprios deuses são posteriores à criação”. — O grifo é nosso.

Escritos de Babilônia e do Egito apresentam mitos similares acerca do nascimento de seus deuses num Universo que já existia. Um ponto-chave, porém, é que esses mitos não podiam informar de onde veio o Universo original. Você verá, contudo, que há um registro da criação que é diferente. Esse registro, a Bíblia, começa dizendo: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” — Gênesis 1:1.

Moisés escreveu essa declaração simples e vigorosa uns 3.500 anos atrás. Ela enfoca um Criador, Deus, que já existia antes do Universo material, porque Ele o criou. O mesmo livro ensina que “Deus é Espírito”, o que significa que ele existe numa forma que os nossos olhos não podem enxergar. (João 4:24) Tal existência talvez seja mais fácil de entender hoje, visto que os cientistas falam de poderosas estrelas de nêutrons e buracos negros no espaço — objetos invisíveis que são detectáveis pelos efeitos que produzem.

Significativamente, a Bíblia relata: “Há corpos celestes e corpos terrestres; mas a glória dos corpos celestes é de uma sorte e a dos corpos terrestres é de sorte diferente.” (1 Coríntios 15:40, 44) Isso não se refere à invisível matéria cósmica que os astrônomos estudam. Os “corpos celestes” mencionados são corpos espirituais inteligentes. ‘Quem, além do Criador, tem um corpo espiritual?’, você talvez se pergunte.

Criaturas celestiais invisíveis

Segundo o registro bíblico, o domínio visível não foi a primeira coisa criada. Esse antigo relato da criação diz que o primeiro ato de criação foi trazer à existência outra pessoa espiritual, o Filho primogênito. Ele foi “o primogênito de toda a criação”, ou “o princípio da criação de Deus”. (Colossenses 1:15; Revelação [Apocalipse] 3:14) Esse primeiro indivíduo criado era ímpar.

Ele foi a única criação produzida diretamente por Deus, e foi dotado de grande sabedoria. De fato, um escritor posterior, um rei famoso por sua própria sabedoria, chamou esse Filho de “mestre-de-obras”, que participou de todas as obras criativas subseqüentes. (Provérbios 8:22, 30; veja também Hebreus 1:1, 2.) Sobre ele, um instrutor do primeiro século chamado Paulo escreveu: “Mediante ele foram criadas todas as outras coisas nos céus e na terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis.” — Colossenses 1:16; note João 1:1-3.

O que são essas “coisas invisíveis” nos céus que o Criador produziu por meio desse Filho? Embora os astrônomos falem de bilhões de estrelas e de invisíveis buracos negros, a Bíblia nesse caso refere-se a centenas de milhões de criaturas espirituais — com corpos espirituais. ‘Por quê?’, alguns talvez se perguntem, ‘criar esses inteligentes seres invisíveis?’

Assim como o estudo do Universo pode esclarecer algumas questões a respeito de sua Causa, o estudo da Bíblia pode suprir-nos de informações importantes acerca de seu Autor. Por exemplo, ela diz que ele é o “Deus feliz”, cujas intenções e ações refletem amor. (1 Timóteo 1:11; 1 João 4:8) Portanto, podemos concluir logicamente que Deus queria ter o companheirismo de outras pessoas espirituais inteligentes que também usufruíssem a vida. Cada uma destas teria um trabalho satisfatório a realizar, mutuamente benéfico, e que contribuiria para os objetivos do Criador.

Nada indica que essas criaturas espirituais obedeceriam a Deus como robôs. Ao contrário, Deus dotou-as de inteligência e livre-arbítrio. Os relatos bíblicos indicam que Deus incentiva a liberdade de pensamento e de ação — certo de que isso não representa uma ameaça permanente à paz e à harmonia no Universo. Paulo, usando o nome do Criador, como consta na Bíblia em hebraico, escreveu: “Jeová é o Espírito; e onde estiver o espírito de Jeová, ali há liberdade.” — 2 Coríntios 3:17.

Coisas visíveis nos céus

Quais são as “coisas visíveis” que Deus criou por meio de seu Filho primogênito? Estas incluem o Sol e todos os outros bilhões de estrelas e de matérias que formam o Universo. Será que a Bíblia nos dá uma idéia de como Deus produziu tudo isso do nada? Vejamos, examinando a Bíblia à luz da ciência moderna.

No século 18, o cientista Antoine-Laurent Lavoisier estudou o peso da matéria. Ele notou que, depois de uma reação química, o peso do produto igualava ao peso combinado dos ingredientes originais. Por exemplo, se queimarmos papel em oxigênio, as cinzas e os gases resultantes pesarão o mesmo que o papel e o oxigênio originais. Lavoisier propôs uma lei — ‘a conservação de massa, ou matéria’. Em 1910, a The Encyclopædia Britannica explicou: “A matéria não pode ser criada nem destruída.” Isso parecia razoável, pelo menos naquele tempo.

Contudo, a explosão de uma bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, em 1945, expôs publicamente uma falha na lei de Lavoisier. Na explosão de uma massa de urânio supercrítica, formam-se diferentes tipos de matéria, mas a sua massa combinada é menor do que a do urânio original. Por que essa perda? Porque parte da massa do urânio é convertida numa assombrosa descarga de energia.

Outro problema com a lei de Lavoisier, sobre a conservação da matéria, surgiu em 1952 com a detonação de um artefato termonuclear (a bomba de hidrogênio). Nessa explosão, os átomos de hidrogênio combinaram-se para formar o hélio. A resultante massa do hélio, porém, era menor do que a do hidrogênio original. Uma parte da massa do hidrogênio foi convertida em energia explosiva, uma explosão muito mais devastadora do que a bomba lançada sobre Hiroshima.

Como essas explosões provaram, uma pequena quantidade de matéria representa uma enorme quantidade de energia. Esse vínculo entre a matéria e a energia explica a potência do Sol, que garante a nossa vida e o nosso bem-estar. Que vínculo é esse? Bem, uns 40 anos antes, em 1905, Einstein havia predito uma relação entre matéria e energia. Muitos conhecem a sua equação E=mc2. Depois que Einstein formulou essa relação, outros cientistas puderam explicar como é possível que o Sol continue a brilhar já por bilhões de anos. No interior do Sol ocorrem contínuas reações termonucleares. Deste modo, a cada segundo, o Sol converte uns 564 milhões de toneladas de hidrogênio em 560 milhões de toneladas de hélio. Assim, cerca de 4 milhões de toneladas de matéria são transformadas em energia solar, uma fração da qual atinge a Terra e sustenta a vida.

É significativo que o processo ao reverso também é possível. “A energia transforma-se em matéria quando partículas subatômicas colidem em altas velocidades e criam novas partículas, mais pesadas”, explica The World Book Encyclopedia. Os cientistas realizam isso em escala limitada usando máquinas enormes, os chamados aceleradores de partículas, nos quais partículas subatômicas colidem em velocidades fantásticas, criando a matéria. “Estamos reproduzindo um dos milagres do Universo — transformar energia em matéria”, explica o físico e prêmio Nobel Dr. Carlo Rubbia.

‘É verdade’, alguém talvez diga, ‘mas o que isso tem a ver com o registro da criação que se lê na Bíblia?’ Bem, a Bíblia não é um livro de ciência, embora tenha-se revelado atualizada e afinada com os fatos científicos. Do começo ao fim, a Bíblia aponta para Aquele que criou toda a matéria no Universo, o Cientista. (Neemias 9:6; Atos 4:24; Revelação 4:11) E ela mostra claramente a relação entre energia e matéria.

Por exemplo, a Bíblia convida os seus leitores: “Levantai ao alto os vossos olhos e vede. Quem criou estas coisas? Foi Aquele que faz sair o exército delas até mesmo por número, chamando a todas elas por nome. Devido à abundância de energia dinâmica, sendo ele também vigoroso em poder, não falta nem sequer uma delas.” (Isaías 40:26) Sim, a Bíblia diz que uma fonte de tremenda energia dinâmica — o Criador — trouxe à existência o Universo material. Isso se harmoniza plenamente com a tecnologia moderna. Só isso já basta para que o registro bíblico da criação mereça o nosso profundo respeito.

Depois de terem criado nos céus coisas invisíveis e visíveis, o Criador e seu Filho primogênito voltaram a sua atenção para a Terra. De onde ela se originou? A variedade de elementos químicos que compõe o nosso planeta pode ter sido produzida diretamente por Deus pela transformação de energia dinâmica ilimitada em matéria, algo que os físicos hoje dizem que é plausível. Ou, como muitos cientistas acreditam, a Terra pode ter sido formada de matéria expelida na explosão de uma supernova. Ou ainda, quem garante se houve, ou não, uma combinação de métodos, destes acima mencionados e de outros, que os cientistas ainda não descobriram? Seja qual for o mecanismo usado, o Criador é a Fonte dinâmica dos elementos que compõem a Terra, incluindo todos os minerais essenciais para nos manter vivos.
Pode-se avaliar que a formação da Terra envolveria muito mais do que suprir todos os materiais nas proporções corretas. O tamanho da Terra, sua rotação, sua distância do Sol, bem como a inclinação de seu eixo e a forma quase circular de sua órbita ao redor do Sol também teriam de ser rigorosamente precisas — exatamente como são. É óbvio que o Criador pôs em operação ciclos naturais que deram ao nosso planeta condições de sustentar muitas formas de vida. Temos todos os motivos de nos maravilhar diante de tudo isso. Mas imagine a reação dos celestiais filhos espirituais de Deus ao observarem a criação da Terra e da vida nela! Um livro bíblico diz que eles ‘juntos gritavam de júbilo e começaram a bradar em aplauso’. — Jó 38:4, 7.

O significado de Gênesis, capítulo 1

O primeiro capítulo da Bíblia fornece alguns detalhes a respeito de medidas vitais tomadas por Deus na preparação da Terra para o usufruto do homem. O capítulo não dá todos os detalhes; ao lê-lo, não devemos nos abalar caso ele omita certas particularidades que os leitores antigos nem poderiam ter entendido. Por exemplo, ao escrever esse capítulo, Moisés não falou das funções de algas e bactérias microscópicas. Essas formas de vida só chegaram ao campo da visão humana depois da invenção do microscópio, no século 16. Moisés tampouco falou especificamente dos dinossauros, cuja existência foi deduzida à base de fósseis, no século 19. Em vez disso, Moisés foi inspirado a usar palavras que pudessem ser entendidas por pessoas de seus dias — mas palavras exatas em tudo que dizia respeito à criação da Terra.

Ao ler Gênesis, capítulo 1, do versículo 3 em diante, você verá que ele está dividido em seis “dias” criativos. Há quem diga que estes eram dias literais de 24 horas, significando que o Universo inteiro e a vida na Terra foram criados em menos de uma semana! Mas é fácil descobrir que a Bíblia não ensina isso. O livro de Gênesis foi escrito em hebraico. Nesse idioma, “dia” refere-se a um espaço de tempo. Pode ser um período longo, bem como um dia de 24 horas. Mesmo em Gênesis, os seis “dias” são englobados num só período longo — ‘o dia em que Jeová fez a terra e o céu’. (Gênesis 2:4; note 2 Pedro 3:8.) Na verdade, a Bíblia revela que os “dias” (ou eras) criativos representam milhares de anos.

Pode-se ver isso pelo que a Bíblia diz sobre o sétimo “dia”. O registro de cada um dos primeiros seis “dias” termina dizendo ‘e veio a ser noitinha e veio a ser manhã, primeiro dia’, e assim por diante. No entanto, essa expressão não ocorre depois do registro do sétimo “dia”. E, no primeiro século EC, uns 4.000 anos mais adiante na corrente do tempo, a Bíblia diz que o sétimo “dia”, de descanso, ainda continuava. (Hebreus 4:4-6) Portanto, o sétimo “dia” era um período que se estenderia por milhares de anos, e podemos concluir logicamente o mesmo a respeito dos primeiros seis “dias”.

O primeiro e o quarto “dia”

Pelo visto, a Terra já estava em órbita em torno do Sol e já era um globo coberto de água quando começaram os seis “dias”, ou períodos, de obras criativas especiais. “Havia escuridão sobre a superfície [do abismo aquoso].” (Gênesis 1:2) Naquele estágio primordial, alguma coisa — talvez uma mistura de vapor de água, outros gases e cinzas vulcânicas — deve ter impedido que a luz do Sol atingisse a superfície da Terra. A Bíblia descreve assim o primeiro período criativo: “Deus passou a dizer: ‘Haja luz’; e gradualmente veio à existência a luz”, ou a luz alcançou a superfície da Terra. — Gênesis 1:3, tradução de J. W. Watts.

A expressão “gradualmente veio” exprime com exatidão a forma do verbo hebraico em questão, denotando uma ação progressiva que leva tempo para se consumar. Quem lê em hebraico encontra essa forma verbal umas 40 vezes em Gênesis, capítulo 1, e isso é uma chave para entender o capítulo. O que Deus começou a fazer na figurativa noitinha de um período (ou era) criativo tornava-se progressivamente claro, ou evidente, depois da manhã daquele “dia”. Também, o que foi iniciado num período não precisava estar plenamente acabado quando começava o período seguinte. Para ilustrar, a luz surgiu gradualmente no primeiro “dia”, mas foi só no quarto período criativo que o Sol, a Lua e as estrelas puderam ser vistos. — Gênesis 1:14-19.

O segundo e o terceiro “dia”

Antes de fazer surgir o solo seco, no terceiro “dia” criativo, o Criador suspendeu parte das águas. Com isso, a Terra ficou envolta num manto de vapor de água. Esse registro antigo não descreve — nem precisava descrever — os mecanismos usados. Em vez disso, a Bíblia enfoca a expansão entre as águas de cima e as de superfície. Ela chama isso de “céus”. Mesmo hoje as pessoas usam esse termo para a atmosfera, onde as aves e os aviões voam. No tempo oportuno, Deus encheu esses céus atmosféricos com uma mistura de gases essenciais para a vida.

Contudo, durante os “dias” criativos a água de superfície baixou, de modo que surgiu o solo seco. Talvez usando forças geológicas que ainda hoje movem as placas da Terra, pelo visto Deus empurrou para cima as cristas oceânicas para formar continentes. Isso teria produzido o solo seco acima da superfície das águas e profundos abismos oceânicos, que os oceanógrafos agora mapeiam e estudam com grande interesse. (Note o Salmo 104:8, 9.) Depois da formação do solo seco, aconteceu outra coisa maravilhosa. Lemos: “Deus prosseguiu, dizendo: ‘Faça a terra brotar relva, vegetação que dê semente, árvores frutíferas que dêem fruto segundo as suas espécies, cuja semente esteja nele, sobre a terra.’ E assim se deu.” — Gênesis 1:11.

onforme considerado no capítulo anterior (“O que revelam as obras?”), a fotossíntese é essencial para as plantas. Na célula de uma planta verde há numerosos corpúsculos chamados cloroplastos, que obtêm energia da luz solar. “Essas fábricas microscópicas”, explica o livro Planet Earth (Planeta Terra), “manufaturam açúcares e amidos . . . Jamais um humano projetou uma fábrica mais eficiente, ou cujos produtos tivessem maior demanda, do que um cloroplasto”.

De fato, a futura vida animal dependeria dos cloroplastos para a sobrevivência. Também, sem a vegetação verde, a atmosfera da Terra seria excessivamente rica em dióxido de carbono, e nós morreríamos de calor e de falta de oxigênio. Alguns especialistas dão explicações espantosas sobre como se desenvolveu a vida dependente da fotossíntese. Por exemplo, eles dizem que quando certos organismos unicelulares na água começaram a ficar sem alimentos, “algumas células pioneiras finalmente inventaram uma solução. Elas chegaram à fotossíntese”. Mas poderia realmente ter sido assim? A fotossíntese é tão complexa que os cientistas ainda tentam desvendar os seus mistérios.

Você acha que a vida fotossintética auto-reprodutora surgiu inexplicavelmente e espontaneamente? Ou acha mais razoável crer que ela resulta de criação inteligente e propositada, conforme relata Gênesis?

O aparecimento de variedades novas de vida vegetal talvez não tenha cessado no terceiro “dia” criativo. Pode ter prosseguido até mesmo no sexto “dia”, quando o Criador “plantou um jardim no Éden” e fez “brotar do solo toda árvore de aspecto desejável e boa para alimento”. (Gênesis 2:8, 9) E, como já mencionado, a atmosfera da Terra com certeza já clareara no quarto “dia”, permitindo assim que mais luz do Sol e de outros corpos celestes atingisse o planeta Terra.

O quinto e o sexto “dia”

No quinto “dia” criativo o Criador passou a encher os oceanos e os céus atmosféricos com uma nova forma de vida — “almas viventes” — distintas da vegetação. Curiosamente, os biólogos falam, entre outras coisas, de reino vegetal e de reino animal, e os dividem em subclassificações. A palavra hebraica traduzida por “alma” significa “quem (ou que) respira”. A Bíblia diz também que as “almas viventes” têm sangue. Por conseguinte, pode-se concluir que as criaturas que têm tanto um sistema respiratório como um sistema circulatório — os habitantes dos oceanos e dos céus, que respiram — começaram a aparecer no quinto período criativo. — Gênesis 1:20; 9:3, 4.

No sexto “dia” Deus deu mais atenção ao solo. Ele criou animais ‘domésticos’ e animais ‘selváticos’, que eram classificações significativas quando Moisés escreveu o relato. (Gênesis 1:24) Portanto, foi no sexto período criativo que foram formados os mamíferos terrestres. E os seres humanos?

Esse registro antigo nos informa que, por fim, o Criador decidiu produzir uma forma de vida realmente única na Terra. Ele disse ao seu Filho celestial: “Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança, e tenham eles em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos céus, e os animais domésticos, e toda a terra, e todo animal movente que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26) De modo que o homem refletiria a imagem espiritual do Criador, exibindo as Suas qualidades. E o homem seria capaz de assimilar uma quantidade enorme de conhecimentos. Assim, os humanos poderiam agir com inteligência superior à de qualquer animal. Também, diferentemente dos animais, o homem foi feito com a capacidade de agir segundo a sua própria livre vontade, sem ser controlado basicamente por instinto.

Em anos recentes, os cientistas pesquisaram a fundo os genes humanos. Comparando os padrões genéticos humanos ao redor da Terra, eles encontraram evidências claras de que todos os humanos têm um ancestral comum, uma fonte do DNA de todas as pessoas que já viveram e de cada um de nós. Em 1988, a revista Newsweek apresentou essas descobertas numa matéria intitulada “Em busca de Adão e Eva”. Esses estudos baseavam-se num tipo de DNA mitocondrial, material genético transmitido apenas pela mulher. Informações de 1995 acerca de pesquisas em DNA masculino apontaram para a mesma conclusão: “Houve um ancestral ‘Adão’, cujo material genético no cromossomo [Y] é comum a todo homem que hoje existe na Terra”, como disse a revista Time. Sejam exatas, ou não, em todos os detalhes, essas descobertas ilustram que o relato em Gênesis é de alta credibilidade, de autoria de Alguém que esteve presente na época.

Que clímax quando Deus reuniu alguns dos componentes do solo para formar seu primeiro filho humano, a quem chamou de Adão! (Lucas 3:38) O relato histórico diz que o Criador do globo e da vida nele colocou o homem que havia feito numa área semelhante a um jardim, “para que o cultivasse e tomasse conta dele”. (Gênesis 2:15) Nessa época, o Criador talvez ainda estivesse produzindo novos tipos de animais. A Bíblia diz: “Deus estava formando do solo todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus, e ele começou a trazê-los ao homem para ver como chamaria a cada um deles; e o que o homem chamava a cada alma vivente, este era seu nome.” (Gênesis 2:19) A Bíblia de forma alguma sugere que o primeiro homem, Adão, fosse um mero personagem de ficção. Ao contrário, ele era uma pessoa real — um ser humano de raciocínio e de sentimentos — que poderia encontrar alegria trabalhando naquele lar paradísico. A cada dia ele aprendia mais a respeito de seu Criador — Suas qualidades e personalidade — e de Suas obras.

Daí, depois de um período não-especificado, Deus criou a primeira mulher, para ser a esposa de Adão. E Deus acrescentou maior objetivo à vida deles, com esta missão significativa: “Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tende em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos céus, e toda criatura vivente que se move na terra.” (Gênesis 1:27, 28) Nada pode mudar esse objetivo expresso do Criador, a saber, que a Terra inteira se transforme num paraíso habitado por humanos felizes, vivendo em paz entre si e com os animais.

O Universo material, incluindo o nosso planeta e a vida nele, atestam claramente a sabedoria de Deus. Portanto, Deus obviamente podia prever que, com o tempo, alguns humanos talvez preferissem agir de modo independente ou rebelde, mesmo sendo Ele o Criador e o Dador da Vida. Essa rebeldia poderia obstruir a grandiosa obra de fazer um paraíso global. O relato diz que Deus apresentou a Adão e Eva um teste simples, que os lembraria da necessidade de serem obedientes. A desobediência, disse Deus, resultaria na perda da vida que ele lhes dera. O Criador demonstrou interesse e preocupação ao alertar os nossos primeiros ancestrais contra um proceder errado que afetaria a felicidade de toda a raça humana. — Gênesis 2:16, 17.

No fim do sexto “dia”, o Criador havia feito tudo o que era necessário para cumprir o seu objetivo. Ele podia, com toda razão, dizer que tudo o que fizera era “muito bom”. (Gênesis 1:31) Nesse ponto, a Bíblia introduz outro período importante ao dizer que Deus “passou a repousar no sétimo dia de toda a sua obra que fizera”. (Gênesis 2:2) Visto que o Criador “não se cansa nem se fatiga”, por que se diz que ele repousou? (Isaías 40:28) Isso indica que ele cessou de realizar obras de criação material; além disso, ele ‘descansa’ sabendo que nada, nem mesmo uma rebelião no céu ou na Terra, pode frustrar a realização de seu grande objetivo. Deus confiantemente abençoou o sétimo “dia” criativo. Assim, as leais criaturas inteligentes de Deus — os humanos e as criaturas espirituais invisíveis — podem ter certeza de que, no fim do sétimo “dia”, a paz e a felicidade vão imperar em todo o Universo.

Pode-se confiar no relato de Gênesis?
Mas, pode-se realmente ter fé nesse relato da criação e nas perspectivas que ele apresenta? Como vimos, as pesquisas genéticas modernas caminham na direção da conclusão declarada na Bíblia há muito tempo. Também, a seqüência dos eventos apresentada em Gênesis tem chamado a atenção de alguns cientistas. Por exemplo, o famoso geólogo Wallace Pratt disse: “Se eu, como geólogo, tivesse de explicar concisamente nossas idéias modernas sobre a origem da Terra e o desenvolvimento da vida sobre ela a um povo simples, pastoril, tal como o das tribos a quem foi dirigido o Livro de Gênesis, dificilmente poderia fazê-lo melhor do que seguir bem de perto grande parte da linguagem do primeiro capítulo de Gênesis.” Ele observou também que a seqüência da origem dos oceanos, da emergência de solo seco, bem como do surgimento de vida marinha, de aves e de mamíferos é, em essência, a seqüência das principais divisões do tempo geológico.

Considere: como poderia Moisés — milhares de anos atrás — ter colocado seu relato nessa seqüência correta se a sua fonte de informações não fosse o próprio Criador e Projetista?
“Pela fé”, diz a Bíblia, “é que sabemos que o universo foi ordenado pela palavra de Deus, de forma que o mundo visível não procedeu de outras coisas visíveis”. (Hebreus 11:3, tradução Mensagem de Deus) Muitos não aceitam esse fato, preferindo crer no acaso ou em algum processo às cegas que, supostamente, produziu o Universo e a vida. Mas, como vimos, existem muitas e variadas razões para crer que o Universo e a vida terrestre — incluindo a nossa vida — originam-se de uma Causa Primária inteligente, um Criador, Deus.

A Bíblia reconhece francamente que “a fé não é propriedade de todos”. (2 Tessalonicenses 3:2) Contudo, fé não é credulidade. A fé baseia-se em fundamentos. No próximo capítulo, consideraremos outras razões válidas e convincentes para se poder confiar na Bíblia e no Grandioso Criador, que se importa com cada um de nós.