Por que estamos aqui - Capítulo 7
Por que estamos aqui - Capítulo 7

Por que estamos aqui

JÁ POR muito tempo, pessoas se têm perguntado sobre o significado da vida na terra. Elas têm olhado para o enorme céu estrelado. Têm admirado o colorido pôr-do-sol e a beleza da campina. Pessoas de reflexão têm chegado à conclusão de que deve haver um grandioso objetivo por trás de todas essas coisas. Muitas vezes, porém, se perguntam onde elas se enquadram nisso. — Salmo 8:3, 4.

Chega um ponto na vida em que a maioria das pessoas se perguntam: Estamos aqui para viver só pouco tempo, tirar da vida o máximo proveito que pudermos e depois morrer? Para onde vamos realmente? Podemos esperar mais do que apenas o breve ciclo de nascimento, vida e morte? (Jó 14:1, 2) O que nos ajudará a entender este assunto é a resposta à pergunta: Como viemos a existir?

EVOLUÇÃO OU CRIAÇÃO?

Em alguns lugares costuma-se ensinar que tudo o que vemos simplesmente surgiu sozinho, que veio a existir por acaso ou casualidade. Diz-se que a vida evoluiu ou se desenvolveu no decurso de muitos milhões de anos, partindo de formas inferiores, até que finalmente surgiram os humanos. Em muitas partes da terra ensina-se esta teoria da evolução como se fosse fato. Mas, é verdade que descendemos de um animal simiesco, que viveu há milhões de anos? Veio este grande universo a existir por simples acaso?

A Bíblia diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1:1) E os fatos da ciência concordam que os céus, com seus bilhões de estrelas, bem como a nossa terra, tiveram princípio. Foram criados. Os movimentos das estrelas e dos planetas são tão regulares, que se pode calcular com anos de antecedência sua posição, com exatidão perfeita. As estrelas e os planetas locomovem-se no universo segundo as leis e os princípios da matemática. Um professor de matemática, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), P. Dirac, disse na revista Scientific American: “Talvez se possa descrever a situação por dizer-se que Deus é matemático de nível muitíssimo elevado e que Ele usou matemática muito avançada para construir o universo.”

A Bíblia diz: “Sabei que Jeová é Deus. Foi ele quem nos fez, e não nós a nós mesmos.” (Salmo 100:3) Nosso corpo humano mostra que foi projetado tão maravilhosamente, que certo escritor bíblico se sentiu induzido a dizer a Deus: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. . . . Meus ossos não te estavam ocultos quando fui feito às escondidas . . . Teus olhos viram até mesmo meu embrião, e todas as suas partes estavam assentadas por escrito no teu livro.” (Salmo 139:14-16) O bebê desenvolve-se dentro de sua mãe de maneira maravilhosa. A revista Newsweek disse sobre isso: “É simplesmente um milagre.” Daí acrescentou: “Nenhuma técnica pode indicar com precisão o instante momentoso da concepção. Nenhum cientista pode dizer quais as forças maravilhosas que passam então a agir para desenvolver os órgãos e as miríades de cadeias de nervos dum embrião humano.”

Pense no nosso grande universo, bem como no nosso próprio corpo, maravilhosamente construído e projetado. O raciocínio são deveria dizer-nos que essas coisas não evolveram simplesmente nem vieram a existir sozinhas. Tiveram de ter um Projetista, um Criador. Considere outras coisas que vemos ao nosso redor. Quando está em casa, pergunte-se: será que a minha escrivaninha, a lâmpada, a cama, a cadeira, a mesa, as paredes ou mesmo a própria casa evolveram espontaneamente? Ou tiveram de ter alguém para fazê-las? Naturalmente, tiveram de ser produzidas por pessoas inteligentes! Então, como se pode afirmar que nosso universo, que é muito mais complexo, e nós mesmos não precisamos dum criador? E se foi Deus quem nos colocou aqui, ele certamente deve ter tido um motivo para isso.

O próprio Jesus Cristo disse a respeito do primeiro homem e da primeira mulher: “Aquele que os criou desde o princípio os fez macho e fêmea, e disse: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa e os dois serão uma só carne.”’ (Mateus 19:4, 5) Ao dizer isso Jesus citou Gênesis 1:27 e 2:24, sobre a criação de Adão e Eva. Indicou assim que este relato bíblico era verdade. (João 17:17) Também, a Bíblia chama Enoque de “o sétimo homem na linhagem de Adão”. (Judas 14) Se Adão não tivesse sido uma pessoa real, a Bíblia não o teria identificado de maneira tão específica. — Lucas 3:37, 38.

Alguns dizem que Deus usou o processo da evolução para criar o homem. Afirmam que Deus permitiu que o homem evolvesse, e que, quando atingiu certo ponto, Ele lhe deu uma alma. Mas esta idéia não aparece em parte alguma da Bíblia. Antes, a Bíblia diz que as plantas e os animais foram criados “segundo as suas espécies”. (Gênesis 1:11, 21, 24) E os fatos mostram que nenhuma espécie de planta ou animal se transforma com o tempo em outra espécie. Informação adicional em prova de que não somos produto da evolução pode ser encontrada no livro A Vida — Qual a Sua Origem? A Evolução ou a Criação?

COMO DEUS CRIOU O HOMEM

Deus criou o homem dos elementos da terra e para viver na terra, assim como diz a Bíblia: “Jeová Deus passou a formar o homem do pó do solo e a soprar nas suas narinas o fôlego de vida, e o homem veio a ser uma alma vivente.” (Gênesis 2:7) À base disso, podemos ver que o homem foi criação direta de Deus. Num ato especial de criação, Deus fez o homem uma pessoa completa, inteira. Quando Deus soprou nas narinas do homem o “fôlego de vida”, os pulmões do homem encheram-se de ar. Todavia, realizou-se mais do que isso. Deus deu assim vida ao corpo do homem. Esta força de vida é sustentada ou mantida pela respiração.

Queira notar, porém, que a Bíblia não diz que Deus deu ao homem uma alma. Antes, ela diz que, depois de Deus fazer o homem respirar, “o homem veio a ser uma alma vivente”. De modo que o homem era uma alma, assim como o homem que se torna médico é médico. (1 Coríntios 15:45) O “pó do solo” do qual se formou o corpo físico não é a alma. Tampouco diz a Bíblia que o “fôlego de vida” é a alma. Antes, a Bíblia mostra que a combinação destas duas coisas é que resultou em ‘o homem tornar-se alma vivente’.

Visto que a alma humana é o próprio homem, não pode ser algum vulto que viva dentro do corpo ou que possa abandonar o corpo. Expresso de maneira simples, a Bíblia ensina que sua alma é você. Por exemplo, a Bíblia fala sobre a alma querer comer alimento físico, dizendo: “Tua alma almeja comer carne.” (Deuteronômio 12:20) Ela diz também que as almas têm sangue circulando nas veias, porque fala sobre “as manchas de sangue das almas dos pobres inocentes”. — Jeremias 2:34.

POR QUE DEUS COLOCOU O HOMEM AQUI

O propósito de Deus não era que Adão e Eva morressem depois de pouco tempo e vivessem em outra parte. Deviam ficar aqui para tomar conta da terra e de todas as suas coisas viventes. Conforme diz a Bíblia: “Deus os abençoou e Deus lhes disse: ‘Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tende em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos céus, e toda criatura vivente que se move na terra.’” (Gênesis 1:28; 2:15) Adão e Eva, bem como todos os filhos que teriam, poderiam ser para sempre felizes na terra, fazendo o que Deus queria que fizessem.

Note que “Deus os abençoou”. Ele realmente se importava com seus filhos terrestres. De modo que, como Pai amoroso, deu-lhes instruções para o seu bem. Teriam sido felizes se obedecessem a elas. Jesus sabia disso, e assim disse mais tarde: “Felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lucas 11:28) Jesus guardava a palavra de Deus. “Faço sempre as coisas que lhe agradam”, disse ele. (João 8:29) Esta é a chave para o próprio motivo de existirmos. É termos uma vida plena e feliz por vivermos em harmonia com a vontade de Deus. Servirmos a Jeová dará agora verdadeiro significado à nossa vida. E por procedermos assim nos candidataremos a viver para sempre no paraíso na terra. — Salmo 37:11, 29.

POR QUE ENVELHECEMOS E MORREMOS

Mas agora envelhecemos e morremos. Por quê? Conforme observado no capítulo anterior, isso se dá por causa da rebelião de Adão e Eva. Jeová os submeteu a uma prova que mostrava a necessidade de serem obedientes a Deus. Ele havia dito a Adão: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2:16, 17) Por comerem dessa árvore, Adão e Eva viraram as costas a seu Pai celestial e rejeitaram a sua orientação. Desobedeceram e apropriaram-se do que não lhes pertencia. Poderiam ter vivido para sempre felizes no paraíso, sem pobreza e sem sofrimentos, mas trouxeram então sobre si a penalidade do pecado. Esta penalidade é a imperfeição e a morte. — Romanos 6:23.

Sabe como é que o pecado nos foi transmitido por Adão? Depois de Adão ter-se tornado imperfeito, ele transmitiu essa imperfeição e a morte a todos os seus filhos. (Jó 14:4; Romanos 5:12) Para ajudá-lo a entender a situação, pense no que acontece quando o padeiro faz pão numa forma que tem um entalhe. Este sinal aparecerá em todos os pães feitos nessa forma. Adão tornou-se igual a tal forma e nós somos similares aos pães. Ele se tornou imperfeito quando violou a lei de Deus. Foi como se tivesse recebido um entalhe ou um mau estigma. De modo que, quando gerou filhos, todos eles receberam o mesmo estigma do pecado ou da imperfeição.

Adoecemos e envelhecemos agora por causa do pecado que todos recebemos de Adão. Um dos milagres que Jesus realizou mostra isso. Enquanto Jesus ensinava num lar onde ficou hospedado, ajuntou-se uma grande multidão, a ponto de que ninguém mais podia entrar na sala. Quando quatro homens trouxeram um paralítico deitado numa maca, viram que não podiam entrar. Subiram então ao telhado, abriram um buraco nele e abaixaram a maca com o paralítico bem ao lado de Jesus.

Quando Jesus viu a grande fé que eles tinham, disse ao paralítico: “Teus pecados estão perdoados.” Mas alguns dos presentes achavam que Jesus não pudesse perdoar pecados. De modo que Jesus disse: “‘A fim de que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados’ — ele disse ao paralítico: ‘Eu te digo: Levanta-te, apanha a tua maca e vai para a tua casa.’ Com isso, este se levantou e apanhou imediatamente a sua maca, e saiu andando na frente de todos.” — Marcos 2:1-12.

Imagine o que este poder de Jesus pode significar para nós! Sob o governo do reino de Deus, Cristo poderá perdoar os pecados de todos os que amam e servem a Deus. Isto significa que todas as dores, aflições e doenças serão eliminadas. Ninguém precisará mais envelhecer e morrer! Que maravilhosa esperança para o futuro! Sim, podemos realmente esperar muito mais do que apenas nascer, viver por pouco tempo e então morrer. Por continuarmos a aprender algo sobre Deus e o servirmos, poderemos realmente viver para sempre no paraíso na terra.


 

Capítulo 8 - Que acontece na morte?

TALVEZ conheça aquela sensação de vazio que se tem quando se perde um ente querido. Quão triste e desamparada a pessoa se sente então. É só natural perguntar: Que acontece quando alguém morre? Continua ele vivo em outra parte? Poderão os vivos algum dia usufruir novamente na terra a companhia dos que agora estão mortos?

Para responder a tais perguntas, será de ajuda sabermos o que aconteceu com Adão quando morreu. Quando ele pecou, Deus disse-lhe: “[Voltarás] ao solo, pois dele foste tomado. Porque tu és pó e ao pó voltarás.” (Gênesis 3:19) Pense no que isso significa. Antes de Deus criá-lo do pó não havia nenhum Adão. Ele não existia. Assim, depois de morrer, Adão voltou para o mesmo estado de inexistência.

Em termos simples, a morte é o contrário da vida. A Bíblia mostra isso em Eclesiastes 9:5, 10. Segundo a versão Almeida, revista e corrigida, estes versículos rezam: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.”

Isto significa que os mortos não podem fazer nada e não podem sentir nada. Não têm mais pensamento algum, conforme a Bíblia declara: “Não confieis nos nobres, nem no filho do homem terreno, a quem não pertence a salvação. Sai-lhe o espírito, ele volta ao seu solo; neste dia perecem deveras os seus pensamentos.” (Salmo 146:3, 4) Na morte, o espírito do homem, sua força de vida, que é sustentada pela respiração “sai”. Deixa de existir. De modo que os sentidos do homem, a audição, a visão, o tato, o olfato e o paladar, que dependem de sua capacidade de pensar, param todos. Segundo a Bíblia, os mortos entram num estado de inconsciência total.

No estado morto, tanto os humanos como os animais estão na mesma condição de inconsciência total. Note como a Bíblia salienta este ponto: “Como morre um, assim morre o outro; e todos eles têm apenas um só espírito, de modo que não há nenhuma superioridade do homem sobre o animal, pois tudo é vaidade. Todos vão para um só lugar. Todos eles vieram a ser do pó e todos eles retornam ao pó.” (Eclesiastes 3:19, 20) O “espírito” que faz os animais viver é o mesmo que faz os humanos viver. Quando este “espírito” ou invisível força de vida sai, tanto o homem como o animal voltam ao pó do qual foram feitos.

A ALMA MORRE

Alguns disseram que aquilo que diferencia o homem dos animais é que o homem tem uma alma, mas os animais não têm. Todavia, Gênesis 1:20 e 30 diz que Deus criou “almas viventes” para viverem nas águas, e que os animais têm “vida como alma”. Nestes versículos, algumas Bíblias usam as palavras “criatura” e “vida” em vez de “alma”, mas há notas ao pé da página que concordam que na língua original é a palavra “alma” que aparece. Entre as referências bíblicas aos animais como almas está Números 31:28. Ali fala sobre “uma alma entre quinhentas, do gênero humano e da manada, e dos jumentos, e do rebanho”.

Visto que os animais são almas, quando morrem, sua alma morre. Como diz a Bíblia: “Morreu toda alma vivente, sim, as coisas no mar.” (Revelação [Apocalipse] 16:3) Que dizer das almas humanas? Conforme já aprendemos no capítulo anterior, Deus não criou o homem com uma alma. O homem é uma alma. Portanto, conforme é de esperar, quando o homem morre, sua alma morre. A Bíblia diz vez após vez que isso é assim. A Bíblia nunca diz que a alma seja imortal ou que não possa morrer. “[Dobrar-se-ão] todos os que descem ao pó e ninguém jamais preservará viva a sua própria alma”, diz o Salmo 22:29. “A alma que pecar — ela é que morrerá”, explica Ezequiel 18:4 e 20. E, se recorrer a Josué 10:28-39, encontrará sete lugares em que se fala da alma como sendo morta ou destruída.

Numa profecia sobre Jesus Cristo, a Bíblia diz: “Esvaziou a sua alma até a própria morte . . . e ele mesmo carregou o próprio pecado de muita gente.” (Isaías 53:12) O ensino do resgate prova que foi uma alma (Adão) que pecou, e que, para os humanos serem resgatados, tinha de se sacrificar uma alma (homem) correspondente. Cristo, por ‘esvaziar a sua alma até a morte’, proveu o preço de resgate. Jesus, a alma humana, morreu.

Conforme vimos, o “espírito” é algo diferente da nossa alma. O espírito é nossa força de vida. Esta força de vida existe em cada célula do corpo, tanto dos humanos como dos animais. É sustentada, ou mantida viva, pela respiração. Então, que significa quando a Bíblia diz que, na morte, “o pó retorna à terra . . . e o próprio espírito retorna ao verdadeiro Deus que o deu”? (Eclesiastes 12:7) Na morte, a força de vida, com o tempo, deixa todas as células do corpo e o corpo começa a decompor-se. Mas isto não significa que nossa força de vida abandona literalmente a terra e viaja pelo espaço até Deus. Antes, o espírito retorna a Deus no sentido de que agora nossa esperança duma vida futura depende inteiramente de Deus. Somente pelo seu poder o espírito, ou a força de vida, pode ser devolvido para vivermos novamente. — Salmo 104:29, 30.

LÁZARO — HOMEM MORTO JÁ POR QUATRO DIAS

O que aconteceu com Lázaro, que estava morto já por quatro dias, ajuda-nos a entender a condição dos mortos. Jesus dissera aos seus discípulos: “Lázaro, nosso amigo, foi descansar, mas eu viajo para lá para o despertar do sono.” Mas, os discípulos responderam: “Senhor, se ele foi descansar, ficará bom.” Em vista disso, Jesus disse-lhes claramente: “Lázaro morreu.” Por que disse Jesus que Lázaro estava dormindo, quando realmente havia morrido? Vejamos.

Quando Jesus chegou perto da aldeia onde Lázaro havia morado, veio-lhe ao encontro Marta, irmã de Lázaro. Pouco depois, junto com muitos outros, chegaram ao túmulo onde Lázaro fora colocado. Era uma caverna, fechada por uma pedra encostada nela. Jesus disse: “Retirai a pedra.” Visto que Lázaro havia estado morto por quatro dias, Marta protestou: “Senhor, ele já deve estar cheirando.” Mas a pedra foi retirada, e Jesus clamou: “Lázaro, vem para fora!” E ele veio! Saiu vivo, ainda enfaixado nos panos mortuários. “Soltai-o e deixai-o ir”, disse Jesus. — João 11:11-44.

Agora, pense nisso: Qual era a condição de Lázaro durante os quatro dias em que estava morto? Havia ido ao céu? Ele havia sido um homem bom. Mas, Lázaro não disse nada sobre ter ido ao céu, o que certamente teria dito se tivesse ido lá. Não, Lázaro estivera realmente morto, como Jesus disse. Então, por que disse Jesus no começo aos seus discípulos que Lázaro estava apenas dormindo?

Ora, Jesus sabia que o falecido Lázaro não estava consciente, pois a Bíblia diz: “Os mortos . . . não estão cônscios de absolutamente nada.” (Eclesiastes 9:5) Mas alguém vivo pode ser acordado do sono. Portanto, Jesus ia demonstrar que, pelo poder que Deus lhe dera, seu amigo Lázaro podia ser despertado da morte.

Quando alguém está num sono muito profundo, ele não se lembra de nada. O mesmo se dá com os mortos. Eles não têm nenhuma sensação. Não existem mais. Mas, no tempo devido de Deus, os mortos que são resgatados por Deus serão ressuscitados para a vida. (João 5:28) Este conhecimento certamente deve induzir-nos a querer granjear o favor de Deus. Se fizermos isso, mesmo que morramos, seremos lembrados por Deus e trazidos de volta à vida. — 1 Tessalonicenses 4:13, 14.


 

Capítulo 9 - O “inferno” — existe realmente?

MILHÕES de pessoas foram ensinadas pela sua religião que existe um lugar de tormento eterno chamado “inferno”. É o lugar para o qual vão os iníquos. Segundo a Encyclopœdia Britannica: “A Igreja Católica Romana ensina que o inferno . . . durará para sempre; seus sofrimentos não terão fim.” A enciclopédia prossegue dizendo que este ensino católico “ainda é aceito por muitos grupos protestantes conservadores”. Também os hindus, os budistas e os muçulmanos ensinam que o inferno é um lugar de tormento. Não é de admirar que aqueles a quem se ensinou isso costumem dizer que, se o inferno é um lugar tão ruim assim, nem querem falar sobre ele.

Isto suscita a pergunta: Será que o Deus Todo-poderoso criou tal lugar de tormento? Ora, qual era o conceito de Deus quando os israelitas, seguindo o exemplo dos povos vizinhos, começaram a queimar seus filhos? Ele explica na sua Palavra: “Construíram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e suas filhas, coisa que eu não havia ordenado e que não me havia subido ao coração.” — Jeremias 7:31.

Pense nisso. Se a mera idéia de assar pessoas no fogo nunca subira ao coração de Deus, parece razoável que ele tenha criado um inferno ardente para os que não o servem? A Bíblia diz que “Deus é amor”. (1 João 4:8) Será que um Deus amoroso realmente atormentaria pessoas para sempre? Faria você tal coisa? Conhecermos o amor de Deus deverá induzir-nos a recorrer à sua Palavra para descobrir se o “inferno” realmente existe como lugar de tormento eterno.

SEOL E HADES

Referindo-se ao lugar aonde vão os humanos quando morrem, a Bíblia usa a palavra “Seol” nas Escrituras Hebraicas e “Hades” nas Escrituras Gregas. Que estas palavras significam a mesma coisa pode ser visto pelo exame do Salmo 16:10 e de Atos 2:31, versículos estes que poderá ver na próxima página. Note que Atos 2:31 usa Hades ao citar o Salmo 16:10, onde ocorre Seol. Alguns afirmam que o Hades é um lugar de tormento eterno. Mas deverá notar que Jesus Cristo esteve no Hades. Devemos crer que Deus atormentou a Cristo num “inferno” de fogo? Claro que não! Quando Jesus morreu, ele foi simplesmente para a sepultura.

Gênesis 37:35 fala sobre Jacó que estava lamentando seu querido filho José, pensando que tivesse sido morto. A Bíblia diz a respeito de Jacó: “Ele se negava a ser consolado e dizia: ‘Pois descerei pranteando para meu filho ao Seol!’” Agora, pense um pouco. Era o Seol um lugar de tormento? Achava Jacó que seu filho José foi para tal lugar, a fim de passar ali toda a eternidade, e queria ir para lá e encontrar-se com ele? Ou, em vez disso, Jacó pensava apenas que seu querido filho estava morto e na sepultura, e que ele próprio queria morrer?

Sim, pessoas boas vão para o Seol. Por exemplo, tome Jó que é conhecido pela sua fidelidade e integridade para com Deus. Quando estava sofrendo muito, pediu a Deus que o ajudasse. Sua oração está registrada em Jó 14:13: “Quem me dera que me escondesses no Seol, . . . que me fixasses um limite de tempo e te lembrasses de mim!” Agora, imagine: Se o Seol fosse um lugar de fogo e tormento, desejaria Jó ir para lá e passar o tempo ali até que Deus se lembrasse dele? É evidente que Jó queria morrer e ir para a sepultura, para que seus sofrimentos acabassem.

Em todos os lugares em que Seol ocorre na Bíblia este nunca é associado com vida, atividade ou tormento. Antes, freqüentemente é relacionado com a morte e inatividade. Por exemplo, pense em Eclesiastes 9:10, que reza: “Tudo o que a tua mão achar para fazer, faze-o com o próprio poder que tens, pois não há trabalho, nem planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Seol, o lugar para onde vais.” De modo que a resposta é clara. O Seol e o Hades não se referem a um lugar de tormento, mas à sepultura comum da humanidade. (Salmo 139:8) Tanto pessoas boas como más vão para o Seol ou Hades.

SAIR DO “INFERNO”

Pode alguém sair do Seol (Hades)? Tome o caso de Jonas. Quando Deus fez com que um grande peixe engolisse Jonas para que não se afogasse, Jonas orou do ventre do peixe: “Na minha aflição clamei a Jeová e ele passou a responder-me. Do ventre do Seol clamei por ajuda. Ouviste a minha voz.” — Jonas 2:2.

Que queria dizer Jonas com “do ventre do Seol”? Ora, o ventre daquele peixe certamente não era um lugar de tormento ardente. Mas poderia ter sido a sepultura de Jonas. De fato, Jesus Cristo disse a respeito de si mesmo: “Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do enorme peixe, assim estará também o Filho do homem três dias e três noites no coração da terra.” — Mateus 12:40.

Jesus ficou morto e na sepultura por três dias. Mas a Bíblia relata: “Nem foi abandonado no Hades . . . A este Jesus, Deus ressuscitou.” (Atos 2:31, 32) De maneira similar, pela direção de Deus, Jonas foi levantado do Seol, quer dizer, do que poderia ter sido a sua sepultura. Isto aconteceu quando o peixe o vomitou em terra seca. Sim, é possível sair do Seol! De fato, Revelação (Apocalipse) 20:13 contém a promessa animadora de que ‘a morte e o Hades entregarão os mortos neles’. Quão diferente do que muitas religiões ensinam é o ensino bíblico sobre a condição dos mortos!

GEENA E O LAGO DE FOGO

Mas, pode ser que alguém objete, dizendo: ‘A Bíblia fala sobre o fogo do inferno e o lago de fogo. Não prova isso que existe tal lugar de tormento?’ É verdade que algumas traduções da Bíblia, tais como a versão Figueiredo (Fi), falam do “fogo do inferno” e de ser lançado no fogo do inferno, que nunca jamais se apaga”. (Mateus 5:22; Marcos 9:44[45]) Ao todo, são 12 os versículos das Escrituras Gregas Cristãs em que a versão Figueiredo usa “inferno” para traduzir a palavra grega Geena. É a Geena realmente um lugar de tormento ardente, ao passo que Hades significa simplesmente a sepultura?

É evidente que a palavra hebraica “Seol” e a palavra grega “Hades” se referem à sepultura. Pois bem, então que significa Geena? Nas Escrituras Hebraicas, Geena refere-se ao “vale de Hinom”. Deve lembrar-se de que Hinom era o nome do vale logo fora das muralhas de Jerusalém, onde os israelitas sacrificavam seus filhos no fogo. Com o tempo, o bom Rei Josias mandou tornar este vale impróprio para tal prática horrível. (2 Reis 23:10) Foi transformado num enorme depósito de lixo ou entulho.

Assim, no tempo em que Jesus estava na terra, a Geena era o depósito de lixo de Jerusalém. Mantinham-se ali fogos acesos por meio de enxofre para se queimar o lixo. O Dicionário da Bíblia, de Smith, Volume 1, em inglês, explica: “Tornou-se o monturo [depósito de lixo] comum da cidade, onde se lançavam os cadáveres de criminosos, e as carcaças de animais, e toda outra espécie de imundície.” Todavia, não se lançavam ali criaturas vivas.

Os habitantes de Jerusalém, que conheciam o depósito de lixo de sua cidade, entendiam o que Jesus queria dizer, quando disse aos líderes religiosos, iníquos: “Serpentes, descendência de víboras, como haveis de fugir do julgamento da Geena?” (Mateus 23:33) É evidente que Jesus não queria dizer que esses líderes religiosos seriam atormentados. Ora, quando os israelitas queimavam seus filhos, vivos, naquele vale, Deus disse que algo tão horrível nunca lhe subira ao coração! De modo que é claro que Jesus usava a Geena como símbolo apropriado da destruição completa e eterna. Queria dizer que aqueles líderes religiosos, iníquos, não mereciam uma ressurreição. Os que escutavam a Jesus podiam entender que aqueles que fossem para a Geena seriam destruídos para sempre, como se fossem lixo.

Então, o que é “o lago de fogo” mencionado no livro bíblico de Revelação? Tem significado similar ao da Geena. Não significa tormento consciente, mas, antes, a morte ou destruição eterna. Note como a própria Bíblia diz isso em Revelação 20:14: “E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Este significa a segunda morte, o lago de fogo.” Sim, o lago de fogo significa “a segunda morte”, a morte da qual não há ressurreição. É evidente que este “lago” é simbólico, porque a morte e o inferno (Hades) são lançados nele. Nem a morte nem o inferno podem ser queimados literalmente. Mas podem ser, e serão, eliminados ou destruídos.

‘Mas a Bíblia diz que o Diabo será atormentado para sempre no lago de fogo’, poderá alguém salientar. (Revelação 20:10) Que significa isso? Quando Jesus estava na terra, os carcereiros eram às vezes chamados de “atormentadores” ou “algozes”. “E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.” (Mateus 18:34, Almeida, rev. e corr.; Fi) Visto que os que são lançados no “lago de fogo” vão para a “segunda morte” da qual não há ressurreição, estão, a bem dizer, encarcerados para sempre na morte. Permanecem mortos, como que na custódia de carcereiros, por toda a eternidade. Os iníquos, naturalmente, não são literalmente atormentados, porque, conforme já vimos, quando alguém morre, ele deixa de existir completamente. Não está cônscio de nada.

O RICO E LÁZARO

Então, que queria dizer Jesus quando falou numa de suas ilustrações: “Morreu o mendigo e foi carregado pelos anjos para a posição junto ao seio de Abraão. Também o rico morreu e foi enterrado. E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele na posição junto ao seio”? (Lucas 16:19-31) Visto que o Hades se refere à sepultura comum da humanidade, conforme já vimos, e não a um lugar de tormento, torna-se claro que Jesus estava ali contando uma ilustração ou história. Como evidência adicional de que não se trata dum relato literal, mas duma ilustração, considere o seguinte: Será que a distância que separa o inferno do céu está ao alcance da voz de modo que se possa realmente manter uma conversação? Além disso, se o rico estivesse num lago ardente literal, como poderia Abraão mandar Lázaro para lhe refrescar a língua com apenas uma gota de água na ponta do dedo? Então, que queria Jesus ilustrar?

O rico, na ilustração, representava os líderes religiosos que se julgavam importantes, os quais rejeitaram a Jesus e depois o mataram. Lázaro retratava o povo comum, que aceitou o Filho de Deus. A morte do rico e de Lázaro representava uma mudança de condição. Esta mudança ocorreu quando Jesus alimentou espiritualmente o povo que fora negligenciado e que era como Lázaro, de modo que esse obteve o favor do Abraão Maior, Jeová Deus. Ao mesmo tempo, os líderes religiosos, falsos, ‘morreram’ quanto a terem o favor de Deus. Sendo rejeitados, sofreram tormentos quando os seguidores de Cristo expuseram as obras más deles. (Atos 7:51-57) Portanto, esta ilustração não ensina que alguns mortos sejam atormentados num inferno de fogo literal.

ENSINOS INSPIRADOS PELO DIABO

Foi o Diabo quem disse a Eva: “Positivamente não morrereis.” (Gênesis 3:4; Revelação 12:9) Mas ela morreu; nenhuma parte dela sobreviveu. Que a alma continua viva após a morte é uma mentira inventada pelo Diabo. E também é mentira, difundida pelo Diabo, que as almas dos iníquos sejam atormentadas num inferno ou num purgatório. Visto que a Bíblia mostra claramente que os mortos não estão cônscios, esses ensinos não podem ser verdadeiros. Na realidade, a palavra “purgatório” ou a idéia dum purgatório nem se encontra na Bíblia.

Vimos assim que o Seol ou Hades é um lugar de descanso com esperança para os mortos. Tanto os bons como os maus vão para lá, à espera da ressurreição. Aprendemos também que a Geena não se refere a um lugar de tormento, mas é usada na Bíblia como símbolo da destruição eterna. Do mesmo modo, “o lago de fogo” não é um lugar de fogo literal, mas representa a “segunda morte”, da qual não haverá ressurreição. Não poderia ser um lugar de tormento, porque essa idéia nunca veio à mente ou ao coração de Deus. Além disso, atormentar alguém eternamente porque fez algum mal na terra por uns poucos anos é contrário à justiça. Quão bom é saber a verdade sobre os mortos! Ela pode realmente libertar do medo e da superstição. — João 8:32.

Próximo capítulo: Os espíritos iníquos são poderosos